Os sonhos são expressões do inconsciente e este é muito mais abrangente do que a consciência e está em movimento constante. Durante um longo período da história, os sonhos eram considerados manifestações divinas, de caráter divinatório e atribuídos apenas a alguns escolhidos. Em vários textos sagrados encontramos a descrição de relatos da importância dos sonhos como na Bíblia, por exemplo, no livro de Daniel, quando este interpreta um sonho do rei Nabucodonosor em um momento significativo do seu reinado.
Em meados do século XIX a importância dos sonhos ganhou nova roupagem principalmente com a cogitação de sua origem intrapsíquica. A hipótese científica do inconsciente e estudos sobre seu significado, principalmente trazidos por Freud e Jung, atribuiu ao sonho grande valor, só que agora do ponto de vista psíquico e passível de olhar científico, para além da esfera religiosa e também filosófica.
Com base na psicologia analítica de Carl Gustav Jung os sonhos são portais de acesso a conteúdos do inconsciente e atuam como função reguladora da psique. Em um primeiro momento todo esse material fornecido pelo inconsciente através dos sonhos pode parecer sem sentido e significado e até mesmo solto, mas à medida que conseguimos estabelecer um diálogo com essas imagens oníricas vamos nos familiarizando com os símbolos e significados que possam nos trazer.
Importante considerar que alguns sonhos se apresentam com certa frequência, alguns conteúdos são relativamente autônomos e outros ainda com aspectos sequenciais. Jung descreveu algumas características específicas dos sonhos como a Compensatória, isto é, atuam nesse formato sempre que a consciência estiver muito polarizada surgindo aspectos oníricos que procuram resgatar o equilíbrio psíquico.
A pedagógica, quando através das imagens novas possibilidades surgem abrindo espaço para reflexões a respeito de nossa vida e, ainda, a Antecipatória, que nos mostra tendências, possibilidades e potencialidades.
À medida que nos aproximamos dessas imagens fortalecemos o processo de comunicação com o inconsciente e nos aproximamos de nossos processos psíquicos, olhando para os sonhos como “portais” de acesso a conteúdos ainda em estado “bruto” pra consciência. A psique fornece a matéria prima para que possamos reconhecer esses conteúdos emocionais que precisam de integração, a própria emoção ainda ali em seu “estado bruto”, como expressão daquilo que vem e que vai sem tanta consciência é que fornece elementos para a formação das imagens.
Os sonhos são uma grande ferramenta para o autoconhecimento e a melhor forma de iniciarmos essa jornada é obtendo um caderno para anotá-los e darmos início a esse diálogo com o inconsciente, lembrando que o sonho é de quem sonha.