Dia Mundial Sem Tabaco: consumo inicia sobretudo na adolescência, alerta pneumologista

Data, celebrada nesta sexta-feira, dia 31 de maio, alerta para riscos à saúde dos fumantes e chama atenção para políticas a fim de reduzir seu uso

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 31/05/2024
Horário 05:05
Foto: Freepik
Pacientes com maior dependência apresentarão dificuldades, mas é possível parar de fumar, diz médico
Pacientes com maior dependência apresentarão dificuldades, mas é possível parar de fumar, diz médico

“A importância de darmos holofotes ao Dia Mundial Sem Tabaco consiste em destacarmos os riscos associados ao seu consumo e para lutarmos a favor de políticas para reduzir o seu uso”. A fala é do especialista pela SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) e docente da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente, o médico Murillo Salviano, sobre a data, celebrada nesta sexta-feira, dia 31 de maio. “O início do uso do tabaco acontece, principalmente, na adolescência devido à influência das companhias e da necessidade do jovem de se incluir em um meio sociocultural”, alerta.

De olho nisso, o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer) lançaram nesta quarta-feira a campanha deste ano, cujo tema é “Proteção das crianças contra a interferência da indústria do tabaco”. “Crianças e adolescentes também são vítimas do uso de produtos de tabaco. De acordo com a OMS [Organização Mundial da Saúde], novos produtos, como os cigarros eletrônicos, e informações enganosas da indústria do tabaco, são uma ameaça, levando a uma iniciação ao tabagismo cada vez mais precoce”, frisa o governo federal. “Além disso, crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida”, complementa nota do Ministério da Saúde.

Por meio de uma linguagem jovem, a campanha visa promover uma mudança de comportamento, além de proteger as novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor. Para o especialista prudentino, as ações diárias e a divulgação de datas marcantes, a exemplo do Dia Mundial sem Tabaco, são formas importantes de orientar sobre os malefícios causados pelo consumo do tabaco, com o intuito de reduzir o número de adeptos a essa prática. Outros meios, como orientações e ações nas escolas, nos meios de comunicação tradicionais e modernos e, em casa, por meio dos pais e familiares, também são formas válidas e necessárias para tentar reduzir o número de pessoas que fumam.

“A dependência ao tabaco se dá pelo consumo da grande quantidade de componentes químicos e nocivos à saúde nele presente, principalmente da nicotina, que traz uma sensação de bem-estar momentânea. Com isso, o consumidor procura a todo momento essa sensação ao consumir mais e mais”, explica Murillo Salviano.

Parar de fumar é possível

O médico destaca que é, sim, possível parar de fumar e ressalta que os pacientes com maior carga tabágica, com maior dependência, apresentarão dificuldades. “Mas, é possível, sim. A abordagem terapêutica para o auxílio do paciente com desejo de cessação do fumo consiste em consultas e terapias multidisciplinares, com pneumologista, psicólogo, nutricionista, assistente social e terapeuta físico. Além disso, existem opções medicamentosas e de reposição nicotínica para potencializar a ajuda a esses pacientes”, cita.

Aponta o pneumologista que o uso de qualquer substância que contenha tabaco e outros componentes químicos irão provocar consequências à saúde do indivíduo a curto e longo prazo. Os principais sintomas a curto prazo serão a dependência química, falta de ar, tosse, alergias e maior probabilidade de infecções pulmonares leves e graves. “A longo prazo, observaremos o aumento do risco de doenças pulmonares crônicas, como DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica] e asma, doenças cardiovasculares, cânceres de boca, língua, esôfago, bexiga e, principalmente, o câncer de pulmão, dentre outras doenças que indiretamente têm o cigarro como causa”, discorre.

Quanto às consequências do tabagismo, salienta que as principais são, além da dependência química, o risco de desenvolver sintomas e doenças a curto e longo prazo. “Sempre lembrando das doenças oncológicas provocadas por ele, que lesam os pacientes de forma grave e que levam a óbito. O tabaco, qualquer que seja a forma de utilização, é um causador de doenças graves e a melhor forma de evitá-las é cessando o seu uso a qualquer momento da vida”, pontua.

Foto: Arquivo - Murillo diz que tratamento para parar de fumar consiste em consultas e terapias multidisciplinares

Publicidade

Veja também