Como diz o tremendão Erasmo Carlos: "Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda. Eu que faço parte da rotina de uma delas, sei que a força está com elas...". E que força tem esse grupo especial que tem a data de hoje dedicada a elas. Esta reportagem traz três mulheres que atuam na área artística, que representam todas as que lutam bravamente por suas conquistas. E não é apenas a conquista profissional, porque nesta área elas andam dando banho em muitos homens, mas é preciso refletir na busca incansável por mais igualdade, dignidade e, sobretudo, respeito. Dança de rua, DJ, carpintaria, etc. Isso é coisa só de homem? Não.
Martelos, serrotes, tintas, lixadeiras, parafusadeiras se transformam nas mãos de Milene
E uma delas é a dançarina de street dance, Fernanda Cristina Mota Branco, 27 anos, que prova isso em seus movimentos. Formada em Design de Moda, ela está cursando mais uma faculdade, que de certa forma também é prioridade para homens: Análise e Desenvolvimento de Sistemas, na Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo). Ah, detalhe, a garota não é mole não, além disso, há oito anos ela é praticante de kung fu, arte marcial que, em outros tempos, apenas os homens a praticavam.
"Já fiz balé, dança do ventre e depois fui para o street dance... Por incrível que pareça não sofri preconceito pela dança. O pessoal que pratica essa modalidade me acolheu muito bem... Fiz três anos de aula e participei dos grupos Work Dance, Grupo Cia e Ruas de Fogo. Hoje estou na produção técnica dos mesmos grupos, como operadora de câmera, de luz. Me sinto responsável pelo grupo inteiro, pois sem a luz não temos ação", destaca Fernanda que brinca que sofre mais preconceito por ser baixinha. "Todos acham que sou criança e que eu não domino os aparelhos... tenho 1.40 m de altura", gargalha a pequena grande mulher.
A jovem confessa que inicialmente, sua família resistiu tanto quando começou o kung fu quanto o street dance, pois tinham medo que ela se machucasse. Mas, em conjunto com os amigos ela conseguiu provar a todos que ambas eram atividades saudáveis. E ganhou o apoio de todos.
"Preconceito vem de pessoas que não estão envolvidas em nenhuma dessas atividades e de quem não têm uma cabeça aberta para aceitar novas mudanças e desafios. Lembremos das mulheres que lutaram contra o verdadeiro preconceito em épocas passadas, como nossas avós que eram humilhadas e não tinham direito a nada. Claro, temos muitas batalhas a serem ganhas ainda como, por exemplo, a igualdade de salário. Esta é a grande comemoração: lembrarmos o porque temos nossos direitos, como chegamos nesse mundo", enfatiza a jovem, que apesar de limitações - ela tem escoliose - nada a impede de ser uma grande mulher.
Mãos à obra
Martelos, serrotes, tintas, lixadeiras, parafusadeiras, pregos... Ferramentas de trabalho de homem? Que nada. Nas mãos da artista plástica Milene Cardoso Suriane, de Presidente Bernardes, é além de trabalho uma grande diversão!
Recortes em madeira, restauração de portas, janelas, cadeiras, entre outros móveis é só parte de um lindo trabalho que ela desenvolve e conquista clientes de todas as classes sociais.
Milene conta que o maior preconceito que sofre até hoje vem pelos calos em suas mãos adquiridos pelo trabalho pesado, uso de muita lixa, cola. Então as pessoas se assustam com isso. "Isso nem me incomoda . Nós mulheres temos que comemorar muito, o poder da liberdade de expressão, de ser mais ouvida... é difícil, é, mas conquistamos a cada dia . Porque a gente batalha tanto. Às vezes achamos que não damos conta de fazer algo, mas vamos lá e fazemos até melhor que muitos homens. A gente vem de uma simplicidade tão grande e conseguir chegar onde estamos, é demais!", exclama a artista.
Fronteiras que nada!
Preste a embarcar para a Colômbia onde trabalhará em uma multinacional no ramo de alimentação e será chefe instrutora da América Latina, Geysa Spinelli, 33 anos, chefe de cozinha que há pouco comandava em Presidente Prudente o seu restaurante Shôri servindo pratos da gastronomia chinesa, indiana, tailandesa, vietanita e japonesa é um exemplo a mais de que a mulher tudo pode se ela buscar o que realmente quer.
Além de dominar na culinária, há dois anos e meio ela comanda as pickup’s ganhando as pistas de dança de clubes, boates, entre outras várias festas. Quem diria, uma mulher comandando um set de uma "discoteca".
"Sempre gostei de música. Aos 9 anos tocava violão, tive uma dupla de música sertaneja, toco bateria . Quando comecei no mundo da música eletrônica as pessoas já estavam com uma mente mais aberta. Aqui, na região, no país todo. Coisa que antes não existia. As mulheres não tinham tanto espaço, hoje dominam geral!", exclama a bela DJ.
Geysa já tocou em diversas cidades da região, como Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, em São Paulo, capital, Londrina (PR), Dourados e Bataguassu (MS), etc. "As mulheres de hoje são donas de si próprias. Só se deixará oprimir aquela que não for de atitude", frisa a chefe.