Os viajantes que passam constantemente pelo Terminal Rodoviário Comendador José Lemes Soares, em Presidente Prudente, em algum momento já se depararam com um senhor na banca de revistas. José Rodrigues Madia, o “senhor Madia”, sempre muito simpático e brincalhão, agora deixa as lembranças de seu bom humor aos conhecidos, amigos e familiares.
No dia 19 de setembro, o proprietário da banca de revistas perdeu a batalha contra a Covid-19, aos 65 anos.
De família tradicional em Prudente, era aposentado pela Fepasa – antiga empresa de transporte ferroviário, mas desenvolveu boa parte da sua carreira com vendas de revistas e jornais em diversos pontos da cidade. Na rodoviária, estava há mais ou menos três anos.
Aparecido Rodrigues Madia é um dos oito irmãos do aposentado, e recorda com carinho sobre as lembranças da convivência com ele.
“Gente fina demais”, afirma. “Bem-humorado, festivo, comunicativo, sempre estava fazendo gracinha pra todo mundo”, lembra Aparecido. “Era assim que ele conquistava o pessoal”.
Arquivo pessoal - Madia com as filhas, neto e esposa
Descoberta da doença
Casado com Clarice de Campos Madia, com quem teve duas filhas, Hellen de Campos Madia e Ana Carolina de Campos Madia, era exemplo dentro de casa e já deixa saudades.
“Estamos ainda meio abalados, parece que fica uma pedra de gelo porque querendo ou não, quando a gente olha para alguns locais e lembramos dele”, lamenta Ana.
A descoberta da Covid ocorreu logo após o falecimento. No entanto, os sintomas foram sentidos na semana anterior, mais precisamente no sábado.
“Chegou em casa falando enrolado, um pouco tonto. Ajudamos a dar banho e ele ficou deitadinho no sofá”, lembra. No dia seguinte, foi trabalhar normalmente, mas voltou para a casa ainda se sentindo mal. No começo da semana, fez o teste de Covid e, entre as idas e vindas da santa casa, não mais retornou para os braços da família.
“Antes dessa última ida ele ainda rezou o terço dele em casa, parecia uma despedida”, lembra a filha.
Foi ele mesmo quem pediu para ir ao hospital. Senhor Madia ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por quatro dias, onde foi intubado e não resistiu à gravidade do quadro.
A doença também acometeu a esposa e as filhas, de forma leve, mas que já estão recuperadas. “Meu pai está fazendo muita falta”, lamenta.