Descarte

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor da estrela e contra o estrelismo

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 12/09/2024
Horário 05:30

Tem gente que não está nem aí com o lixo e o descarta em qualquer lugar, principalmente na rua. Outro dia um velho, com sua bengala que parecia vara de pesca, caminhava por uma rua de Prudente e, de repente, encontrou óculos abandonados. Ou um par de óculos, como estabelece a norma culta da língua portuguesa. 
Sem as lentes, os óculos estavam dentro do canteiro de uma árvore. Ele tocou nos óculos com a vara, virou de um lado e de outro. Viu que estavam sem as lentes e comentou: "Que desperdício!". 
Será que o idoso pretendia levar os óculos para casa, se estivessem com as lentes?" Sei lá. Quem é que sabe? É o tal negócio: algum objeto encontrado no lixo - ou na rua - ainda dá para ser usado, caso não esteja muito estragado. A coisa está estranha no mundo de hoje. No mundo de amanhã também estará. 
E alimento encontrado na rua? Depois do velho, surgiu no horizonte uma senhora alta e elegante, que carregava sacolas de supermercado. Também em um canteiro na mesma rua a honorável idosa ficou de olho nos morangos e bananas que estavam em uma caixa de papelão. 
Ela examinou as frutas com olhos atentos e, sinceramente, deu a impressão de que levaria para casa pelo menos alguns morangos e bananas. Depois, desistiu até porque as frutas não apresentavam boa aparência. Na sequência, a senhora, que parecia ricaça,  caminhou um pouco mais e entrou em sua reluzente caminhonete que estava estacionada logo à frente. Freud explica? Ou a avareza explica?
E mais: ainda na mesma rua um morador simplesmente colocou na calçada uma pia e algumas gavetas. Tudo parecia em bom estado de conservação, principalmente as gavetas. A pia e as gavetas ficaram pouco tempo expostas ao ar livre. Alguém passou por lá e levou tudo embora. Vai ver vendeu o material a preço de banana ou instalou a pia no banheiro. Quanto às gavetas o cidadão aproveitou, presumo, para guardar roupas, documentos e contas. Repito: o mundo está estranho.

DROPS  

A situação está de fazer égua não reconhecer o potro.

A chuva está mais rara do que nota de R$ 20 em chapéu de mendigo.

Incêndio vai "aquecer" os preços dos alimentos.

O bolso é a parte mais sensível do corpo humano.
(Delfim Netto, economista)
 

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