Desaquecimento na comercialização faz inadimplência recuar 10% em PP

De acordo com o Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente), o pagamento das dívidas começou a crescer no comércio varejista a partir de abril.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 18/06/2014
Horário 08:19
 

A inadimplência no comércio prudentino diminuiu 10% no primeiro quadrimestre de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados divulgados pela Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente). De janeiro a abril de 2013, 3.847 nomes foram incluídos no Serviço de Proteção ao Crédito. Já neste ano, no mesmo período, eles somam 3.459. A queda é atribuída ao desaquecimento do setor comercial, causado pela inflação, bem como pela exclusão automática de dívidas do sistema. Com base na pesquisa mensal executada nos supermercados prudentinos, o Índice de Preços Toledo (IPT), elaborado pelas Faculdades Integradas Antonio Eufrásio de Toledo, registra inflação de 6,49% nos últimos 12 meses.

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Conforme o economista Walter Klienchen Dallari, 48, consultor de empresas e professor universitário, inadimplência é o atraso no pagamento ou não pagamento de uma dívida. Segundo ele, a diminuição nos indicadores não significa, necessariamente, fruto de uma economia melhor. Ele explica que, por causa do desaquecimento do comércio, ocorre queda no volume de vendas, ocasionado principalmente pela inflação e também pela insegurança da população em relação ao atual momento econômico do país. "As pessoas ficaram com medo de prestações mais extensas, de fazer contas para quitar em longo prazo".

Para Ricardo Anderson Ribeiro, presidente da Acipp, outro fator que contribui com esse fenômeno da redução são as contas que se excluem obrigatoriamente do Serviço de Proteção ao Crédito após cinco anos de inclusão. "Não quer dizer que o pessoal está pagando as dívidas, só que muitas se excluíram", observa. Além disso, ele esclarece que atualmente o comerciante "está mais seletivo e o crédito está curto". Ribeiro salienta que o benefício dessa queda na inadimplência em Prudente é o retorno do poder de compra ao cidadão que promoveu a quitação da dívida e saiu da inatividade.

De acordo com o Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente), o pagamento das dívidas começou a crescer no comércio varejista a partir de abril. A expectativa do setor é que este cenário favorável seja ainda maior nos próximos meses.

Em janeiro, o número de inadimplentes cresceu cerca de 6% em relação a 2013, saltando de 1.054 para 1.119. Em fevereiro, caiu 17%, passando de 897 para 743. Já em março, o número se manteve o mesmo: com 814 inadimplentes. Em abril, houve queda de 27%, indo de 1.082 para 783.

 

Desestímulo


A diminuição nas vendas do comércio começou no ano passado, por volta de agosto e setembro, segundo o presidente da Acipp. "No Natal esperávamos uma recuperação. Ela não ocorreu e entramos em 2014 preocupados. Existem algumas bolhas no comércio quando a movimentação aumenta em datas específicas, mas mesmo assim os indicadores demonstram que o crescimento é pequeno", destaca.

Em maio, o desaquecimento foi de 1,5% e em junho as vendas subiram 0,8% com a estimulação comercial causada pela Copa do Mundo. "Em 2010, nessa época, tivemos crescimento de 10%. Em 2014, se for de 2% já será um excelente resultado", projeta.

Entretanto, Ribeiro afirma que mesmo o Dia dos Namorados e o Dia das Mães não atingiram as expectativas dos comerciantes. "O segmento que denominamos produtos de linha branca - geladeira, máquina de lavar e fogão, por exemplo - está em queda. Só saem presentes menos caros. A venda de móveis mesmo caiu de 18% a 20% nos últimos meses. Por outro lado, o que chamamos de aparelhos de linha marrom – smartphones e televisões – estão em fase de crescimento na comercialização e vêm sustentando o comércio", constata.

Conforme o presidente, nessa situação, "o consumidor não sente firmeza para comprar e o lojista não investe, tem medo de não vender e acabar estocando mercadoria". Ribeiro conta que o comércio ainda não descobriu como aquecer as vendas. "Ultimamente não adianta nem fazer promoção, nem entrar na mídia com publicidade", pontua.

Um dos motivos dessa queda nas vendas foi a alta dos juros, o que influencia nas compras parceladas. "A Selic subiu muito e as pessoas só recorrem ao crediário quando não têm condição de comprar. A maioria prefere guardar dinheiro e comprar à vista", menciona.

Adão Gonçalves, 72, conta que nunca divide suas compras em muitas vezes. "Quando é algo muito caro, prefiro juntar um bom dinheiro para dar de entrada e pagar em três ou quatro meses. Mais do que isso não dá", diz.

Elizabeth Hoffman, 36, conta que também "foge" das parcelas e produtos de alto valor. "No Dia das Mães mesmo eu dei roupas de presente, pois poderia pagar de uma vez", revela. Já Jasmine Freita, 20, paga todas as suas contas à vista para fugir dos juros. "Comecei a fazer isso já aos 16 anos de idade, logo que entrei no mercado e obtive meu salário", fala.
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