Até o dia 18 de novembro, no Egito, aconteceu a 27ª Conferência de Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Neste novo encontro climático, iniciado no dia 6, os representantes dos Estados-membros discutiram que medidas serão tomadas para avançar na implementação do Acordo de Paris. O cenário, entretanto, é extremamente desafiador.
Em 2021, a COP 26, realizada em Glasgow, na Escócia, foi concluída com um apelo contundente para que os Estados-partes aumentassem suas ambições climáticas, dada a constatação de que seria necessário ao menos quintuplicar os compromissos assumidos nas Contribuições Nacionalmente Determinadas para manter o aumento global de temperatura abaixo de 1,5ºC.
Na COP 27, apenas 24 Estados atualizaram suas metas de mitigação, com projetos de menos de 1% de redução das emissões de gases de efeito estufa para 2030. O Emissions Gap Report 2022, publicado pelo Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas, alerta que as NDCs incondicionadas, ou seja, os compromissos climáticos que os países têm condição de implementar com seus próprios recursos, sem auxílio internacional, levarão a um aumento global da temperatura de cerca de 2,6ºC, muito além dos níveis estimados como seguros pelo IPCC.
Para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, o relatório aponta que as emissões globais de gases de efeito estufa precisam ser cortadas em 45% até 2030, o que só poderá ser alcançado mediante uma transformação “ampla, em larga escala, rápida e sistêmica”.
No mesmo sentido, o relatório The State of Nationally Determined Contributions: 2022, publicado pelo WRI, avalia que o chamado “mecanismo de catraca” do Acordo de Paris, que determina a revisão e renovação periódica das metas climáticas globais, tem se mostrado razoavelmente eficiente em promover o incremento de ambição das NDCs, mas não no ritmo e amplitude necessários para alcançar a meta do 1,5ºC. Após um curto período de redução das emissões nos anos de 2019 a 2020, em razão da pandemia de Covid-19, as emissões globais de carbono em 2021 voltaram a crescer, superando os níveis de 2019.