Dengue e Covid-19: sintomas que as diferem

Luiz Euribel Prestes Carneiro, infectologista

REGIÃO - OSLAINE SILVA

Data 04/06/2021
Horário 05:55
Foto: Cedida

Neste período de ano, que costuma ser marcado por chuvas e calor intenso, o cenário se torna propício para a proliferação do Aedes aegypti e, consequentemente, para o aumento da circulação da dengue. Embora a estiagem esteja reinando na região a algum tempo, curiosamente vários têm sido os casos positivos. E em tempos de pandemia, os sintomas desta doença podem ser confundidos com os da Covid-19, causada pelo novo coronavírus, ou vice-versa. Para esclarecer alguns pontos sobre estas dúvidas, a reportagem entrou em contato com o infectologista que atende no HR (Hospital Regional) Dr. Domingos Leonardo Cerávolo, Luiz Euribel Prestes Carneiro, que é professor da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).

Quais são as principais manifestações que a dengue e o coronavírus têm em comum?
Dengue e Covid-19 são síndromes febris, portanto, a febre pode ser um sintoma comum, embora seja o principal sintoma da dengue. Dengue é = febre + outros sintomas, enquanto que na Covid-19 a febre não é o sintoma mais apresentado. Outros sintomas comuns entre as duas patologias são: dor de cabeça, dor no corpo, dor nos olhos, cansaço, náusea, vômito, fraqueza, falta de apetite.

 Quais sintomas as distinguem?
Não há sintomas específicos que distinguem as duas doenças. Lembrando que a Covid-19 é uma síndrome respiratória, e os sintomas respiratórios são muito frequentes como tosse e falta de ar, que não é comum serem encontrados na dengue. A perda do paladar e do olfato [não sentir gosto dos alimentos e do cheiro] é uma característica presente em cerca de 30 % a 40 % dos indivíduos com Covid-19. A desidratação aguda, rápida, é bastante comum na dengue por conta da febre, náusea e vômito. Além disso, na dengue, por volta do quinto dia na maioria dos pacientes aparece o exantema generalizado, produzindo coceira intensa. Isso não é comum nos pacientes com Covid-19 

De fato é possível que ambas as doenças sejam confundidas?
Não só é possível, como isso acontece na prática clínica, especialmente em regiões endêmicas para a dengue como o oeste paulista.

 É comum que um paciente desenvolva as duas infecções ao mesmo tempo?
Isso não é comum, mas estão descritos muitos casos aqui na região. Isso ocorreu especialmente em 2020 quando tivemos um verdadeiro surto de dengue em Presidente Prudente e em todo o oeste paulista. Nos meses de abril, maio e junho havia muitos pacientes com dengue e o número de pacientes com Covid-19 estava aumentando vertiginosamente. Nesse momento em que as duas doenças eram endêmicas houve vários casos de coinfecção: Dengue/Covid-19. Isso pode se repetir esse ano de 2021. 

 Quais são os exames indicados para confirmar se é dengue ou Covid-19?
O diagnóstico laboratorial é que vai orientar o médico no diagnóstico diferencial entre dengue e Covid-19. Nos dois casos, nos primeiros dias após o início dos sintomas, é possível detectar o vírus da dengue e o da Covid-19. Na dengue entre o primeiro e terceiro dia do início dos sintomas e Covid-19 entre o terceiro e o sétimo dia. Para quem não fez o diagnóstico nesse momento é possível fazer o diagnóstico sorológico pesquisando anticorpos do tipo IgM. Para a dengue a partir do sétimo dia e para Covid-19 a partir do 10º dia do início dos sintomas. Nos dois casos, é importante a confirmação laboratorial da doença.

Em que momento a pessoa deve procurar ajuda médica?
Nos dois casos, logo que iniciarem os sintomas.

 Quais são os tratamentos disponíveis para ambas as doenças?
Assim como a Covid-19, não há um medicamento específico para a dengue. Nos dois casos o paciente deve ser tratado de acordo com os sintomas. Na dengue, a principal conduta é a expansão volêmica, isto é, a hidratação.

Quais as complicações que a dengue pode trazer para a saúde do paciente? E a Covid-19?
Tanto a Covid-19 quanto a dengue podem apresentar desde sintomas muito leves até muito graves. Na dengue o principal risco é uma desidratação muito rápida pelo quadro de febre elevada, náusea e vômitos. Na Covid-19 os sintomas respiratórios como falta de ar aos pequenos esforços e baixa oxigenação pode levar a falência respiratória e agravamento do quadro.

 

Publicidade

Veja também