Ele faz questão de chegar na pista de atletismo da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente e cumprimentar um a um. O carinho que transmite aos atletas é recíproco e verdadeiro. É assim que o técnico Inaldo Sena age todos os dias, desde os 14 anos, quando iniciou no atletismo. No entanto, este ritual precisou ser interrompido nos últimos sete anos. Em 2009, juntamente com Jayme Netto Júnior, foi envolvido em um escândalo de doping, confessou ligação e, sentenciado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), foi banido do esporte.
Treinador esbanja carinho com todos os atletas, ao chegar na pista da Unesp em Prudente
Após entrar com recurso junto ao CAS (Corte Arbitral do Esporte, na tradução para o português), viu a pena diminuir para quatro anos, isso depois de três passados. Porém, ao invés de cumprir apenas mais um, a exigência foi que a nova sanção seria apenas depois do novo julgamento. Após tudo isso, no último dia 16 de maio, teve de volta o registro do CREFSP (Conselho Regional de Educação Física de São Paulo). "Foram sete anos sem fazer nada. Nos primeiros dois anos fiquei meio perdido, depois disso entramos com um advogado e provamos que eles estavam fazendo uma injustiça", diz.
Ciente do erro cometido, Inaldo quer passar uma borracha e revelar bons nomes para o futuro. "Para mim foi como se tirasse metade de mim, desde os 14 anos eu trabalho com o atletismo. Mas aconteceu o que aconteceu, a gente pagou, agora é trabalhar. Espero poder ajudar essa molecada ter novas conquistas. E buscar realmente formar cidadãos", diz.
Pensando lá na frente, o agora treinador conta que está criando uma associação para fomentar o atletismo na cidade. "Não sei se vai ser como nos tempos do Jayme, mas uma coisa eu tenho certeza. O melhor deles e todos os envolvidos será dado", garante.
Focado
Para essa temporada, essa semana tem Campeonato Brasileiro Sub-20, em Porto Alegre (RS). Ainda durante a temporada, de acordo com o calendário está previsto Campeonato Sul-Americano, no qual planeja classificar algum dos seus comandados. "Estamos buscando fazer com que o projeto cresça, trabalhar essa garotada, tudo com muito amor", fala.
Por falar em amor, Inaldo é treinador de sua filha, fato que para ele é uma grande satisfação. "Para mim é muito bom, espero que para ela também. Mas não é fácil, a gente convive 24 horas, e é bom dividir tudo. As vitórias, as frustrações", revela.
História
Filho de 18 filhos, Inaldo foi o único a viver do esporte, e se orgulha da trajetória construída. "Como atleta conheci vários países. Fui em todas as competições do calendário internacional: Ibero-Americano, Pan-Americano, Copa do Mundo, Olimpíadas e Mundial. Foi só crescimento, não sei o que seria de mim. Como treinador, quem veio ser meu atleta melhorou resultado, o esporte é isso, se entregar de alma e coração, que não tem como dar errado", finaliza.
SAIBA MAIS
Entenda o caso
Em 2009, às vésperas do Mundial de Atletismo de Berlim, cinco atletas – Bruno Lins Tenório de Barros, Jorge Célio da Rocha Sena, Josiane da Silva Tito, Luciana França e Lucimara Silvestre – treinados pela dupla Inaldo e Jayme foram submetidos a um teste antidoping surpresa. O resultado foi positivo por uso de EPO (eritropoietina), que serve para acelerar a recuperação, todos foram suspensos por dois anos.