Quando chega a época de mais um semestre letivo, os pais de uma aldeia encravada nas montanhas do Tibete precisam levar os filhos até a escola. Mas ela fica a cem quilômetros de distância desta vila.
São seis dias de viagem e o único jeito de descer as montanhas é caminhando por um rio congelado. Lá, este terreno recebe um nome: chadar, ou cobertor de gelo. Eles precisam enfrentar temperaturas abaixo de zero, avalanches e água congelante.
Passo a passo, pais e filhos enfrentam trechos que já derreteram. Cair na água significa morrer em minutos. Mas eles seguem porque o pai tem uma determinação e ela é singular: fazer com que os filhos tenham condição de uma vida melhor a partir do conhecimento, do estudo, da educação.
Comecei com esta história porque quero fazer uma comparação com o ano letivo que acabou de começar, em praticamente todos os níveis de educação, do fundamental ao superior.
A educação é um bem muito precioso. É com ela que escrevemos a principais páginas de nossas vidas.
Eu mesmo, como professor universitário, fico contente em participar da formação de muitos profissionais, que mais cedo ou mais tarde vão contribuir com a sociedade, seja na prática de alguma função, na pesquisa ou desenvolvimento de produtos ou até mesmo na reflexão.
Quando alguma empresa emprega alguém, ela não espera ter contratado uma enciclopédia, um dicionário ilimitado de conhecimento, um profissional afiadíssimo em técnicas específicas ou até mesmo um craque em dancinhas de Tik Tok. Mas sim, um alguém com plena capacidade de encontrar respostas e contribuir com todo sistema. Alguém que represente o resultado do trio: talento, conhecimento e experiência.
Talento nasce com a gente e cresce na mesma proporção em que se escolhe bem o que quer fazer na vida. O conhecimento é a base para crescer naquilo que faz, ou seja, mesmo que o seu talento seja natural, ele será maior a partir do momento em que são investidos nele tempo e dinheiro. A educação formal está aqui. E a experiência, enfim, vem com a rotina, com as noites mal dormidas, com os erros e acertos.
Então, quero dizer que não dá para saber se a vida é curta ou longa para nós. Mas nada que do que vivemos tem sentido se não fizermos a diferença na vida das pessoas e para isso não há outro caminho a não ser investir na única arma que o fará ser justamente diferenciado: dê valor à educação formal.
Não se iluda com uma vida fácil a partir das promessas que as redes sociais colocam e nem se deixe convencer por explicações fáceis demais em situações complexas de vida. Você é muito maior que tudo isso.