DE OLHO EM 2018, CARATECA DE PP MINISTRA CURSO DE SHIAI KUMITÊ EM BRASÍLIA

Kumizaki participa de evento na capital federal, mas antes faz balanço da temporada e traça planejamento para o próximo ano

Esportes - JULHIA MARQUETI

Data 15/12/2017
Horário 12:19

A carateca prudentina Valéria Kumizaki, vai finalizar o ano um pouco longe dos tatames. Em Brasília, no domingo, a carateca ministra um seminário sobre a modalidade que pratica dentro do caratê, o shiai kumitê. O evento será realizado das 9h às 17h, no Ginásio Poliesportivo Riacho Fundo 1. “Vou falar e ministrar um pouco do que eu faço na luta para os atletas de Brasília e região. Sou a terceira do mundo, então eles têm interesse de saber sobre minha rotina, tipo de treino, gostam que eu fale a respeito da minha trajetória, conquistas, campeonatos internacionais, mostrar mesmo, na prática, como é”, explica a lutadora.

Enquanto a atividade não chega, a carateca se mostra contente com os resultados obtidos ao longo da temporada, com todos os objetivos alcançados. “Fui campeã do Pan-Americano, do Word Games, que acontece de quatro em quatro anos, onde só estão os oito melhores do mundo. Fui campeã brasileira em Salvador, fiquei em terceiro no circuito Mundial e participei do Budapeste Open, na Hungria, onde eu ganhei”, relembra a lutadora.

Para o ano que vem, a classificação para as Olimpíadas talvez seja o principal objetivo entre tantos outros que já estão marcados. “Época de junho e julho começam as classificações, então vai ser uma época bem corrida, puxada, bem competitiva, porque o mundo todo quer estar nas Olimpíadas”. Sobre as competições, o trabalho começa cedo, já em janeiro, quando ocorre a primeira etapa do Circuito Mundial, em Paris. “Vou fazer Paris, Espanha e Dubai, quero todos, vamos ver se vou conseguir recursos”, conta ela. Em 2018, também serão realizados os Jogos Sul-americanos, com as classificações para os Jogos Pan-americanos. “Ano que vem é ano de Mundial, bem corrido”, afirma.

 

Dificuldades

Falando em recursos, Valéria conta que até o ano passado, 2016, quem bancava suas viagens era ela própria, e que as ajudas não eram muitas. “Ano passado começamos a ter ajuda do COB [Comitê Olímpico Brasileiro]. Ganhamos a passagem para o Campeonato Pan-americano, pro Word Games, na Polônia, pra Alemanha e pra Áustria. Com certeza foi uma ajuda muito grande, onde, se eu não tivesse ajuda, ficaria muito difícil eu competir todas estas competições. Consegui, também este ano, entrar para o Exército, na comissão de desporto, que também é uma ajuda de custo importante”, afirma.

A lutadora tem também a ajuda do Bolsa Atleta, programa do Ministério do Esporte. “O dinheiro do Bolsa Atleta é mensal, mas não cobre todas as despesas, se viajar três campeonatos já acabou”, conta. Então, quando só tinha este meio, o restante dos custos saía do próprio bolso, ou familiares a ajudavam. “Mesmo com as ajudas era difícil competir em tudo, pois ganhamos em Real e o gasto é em Euro. Esperamos ter ajuda para o segundo semestre, nada confirmado, mas esperamos ter ajuda do Comitê Olímpico”, explica.

 

Desigualdade

Até hoje, Valéria conta que são poucos atletas que viajam, já que os custos são altos e bancados pelo próprio atleta. “Até hoje viajam poucas pessoas, sempre um ou outro. E sabemos que na Europa acontece competições em pequenos períodos, então não compensa ficar indo e voltando. Com isso, acabamos ficando por lá. Mas vale lembrar que nada é de graça, pagamos por dia para treinar, o investimento é grande”, relata.

Em comparação aos outros países, a atleta comenta que eles estranhavam o fato de que o atleta tinha que investir para representar uma nação. “‘Nossa, você paga tudo?’, perguntavam. Antigamente tinham dois, três países que acontecia o mesmo, hoje tudo mudou. Nos outros países é tudo pago e ainda remuneram por medalha, o que não acontece aqui no Brasil”, diz.

Mesmo com poucos recursos e ajudas, as cobranças daquele que estão de fora, como os torcedores, se mantêm altas quando se trata de uma competição mundial. Ainda assim, o choro de emoção da conquista, por muitas vezes é julgado por aqueles que não conhecem a rotina da lutadora. “Tanto que quando eu ganho, eu choro, choro e o pessoal meio que fala ‘ah, tá chorando’, mas o pessoal não sabe o que a gente passou, desde treinamento. Para treinar e estar num nível alto, mundial, tenho que treinar com pessoas do meu nível, sempre fico viajando, para ter um pessoal de um nível para lutar. Então, treino em Marrocos, na Alemanha, com pessoal de alto rendimento. Só a gente que sabe”, reforça a carateca.

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