De milionários a zerados: declaração de bens de candidatos a prefeito

Candidatos a cargos públicos precisam mostrar à população seus patrimônios; professor de ciências humanas explica a importância dos dados ao eleitor comum

Eleições - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 13/10/2020
Horário 09:15
Arquivo - Marcos Lupércio afirma que poder aquisitivo está relacionado ao sucesso em campanhas políticas  
Arquivo - Marcos Lupércio afirma que poder aquisitivo está relacionado ao sucesso em campanhas políticas  

De acordo com levantamento realizado pela reportagem, a partir de dados disponibilizados pelo sistema DivulgaCandContas, desenvolvido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a soma dos patrimônios declarados pelos 12 candidatos a prefeito de Presidente Prudente é de R$ 43.693.811,85, sendo que, deste total, 83% foi declarado pelo candidato Paulo Lima (PSD). Ele é o que possui maior valor em bens, conforme o levantamento, R$ 36.625.413,85, enquanto José Lemes Soares (PDT) e Fábio Sato (MDB) possuem os menores valores, tendo ambos declarado patrimônio nenhum. 
Já entre os candidatos a vice-prefeito (a), a somatória é menor e mais bem distribuída. Dos R$ 5.638.009,17, Wadir Olivetti Júnior (Pode) é o que declarou maior porcentagem, 32%, o que representa R$ 1.817.518,77. Dentre os candidatos a vice, apenas não declarou nenhum bem a Professora Evelyn  (Psol).
Entre os demais, o cenário continua diverso. Os candidatos Guilherme Piai (PSL) e João Figueira (PRTB), entre os postulantes ao cargo máximo do Executivo, junto a Paulo Lima, ultrapassam a barreira do milhão. Ed Thomas (PSB), Nelson Roberto Bugalho (PSDB) e Laércio Batista de Alcântara (DEM) chegam perto, variando entre R$ 828 mil e R$ 998 mil de bens declarados.
Marcos Lucas (Avante) e Major Glauco (PTC) são os candidatos às eleições majoritárias que superam as centenas de milhares, ambos com patrimônios na casa dos R$ 400 mil. Depois deles estão Juliano Borges, que declarou R$ 60 mil em bens e Luis Valente (PT), cujo patrimônio é de R$6 mil. 

O que os números querem dizer?

Afinal de contas, de que importa o conhecimento dos números ao eleitor comum? A primeira vantagem da divulgação transparente dos dados é relacionada aos candidatos que já disputaram outras eleições. O próprio DivulgaCandContas guarda as declarações de patrimônio destes candidatos, o que permite ao eleitor comparar e tirar conclusões relacionadas ao aumento, manutenção ou diminuição dos bens deles entre os anos eleitorais. 
A utilização mais usual aos cidadãos comuns, entretanto, é explicada pelo professor de história, geografia e sociologia, Marcos Lupércio Ramos, 58 anos. Segundo ele, quanto maior o patrimônio do candidato, mais fácil ter sucesso na campanha, seja para cargos Executivos ou Legislativos. Destaca-se que, por lei, o limite de gastos de campanha para cada candidatura majoritária em Prudente é de R$ 1.026.109,00.
“Carro de som, pessoas com bandeiras nas avenidas, cartazes, contratação de agências produtoras de conteúdo, tudo isso é caro. Candidatos humildes não têm recursos para conquistar capilaridade e se atêm ao seu bairro, distribuindo ‘santinhos’ [pequenos folhetos com informações eleitorais dos candidatos], que é uma das únicas coisas que o partido dá”, comenta. 
Lupércio ressalta que mais importante que se atentar aos bens declarados ou às campanhas superproduzidas, é necessário que o eleitor vá em busca de informação sobre a formação dos candidatos como figura pública e suas atuações na comunidade. 
Além disso, ele faz duas ressalvas: a primeira, que nem sempre os valores declarados descrevem o poder aquisitivo do candidato, visto que a legislação brasileira sobre tributos não acompanha, no caso de imóveis, a valorização de mercado dos bens, o que só é atualizado em situações de venda.
A segunda ressalva relaciona o poder aquisitivo e a atuação dos candidatos na sociedade. “O poder econômico é preponderante nesse assunto – pontua Lupércio – muitas vezes, quem realiza grandes ações sociais, como doações para clubes, hospitais e entidades assistenciais são os que possuem mais poder aquisitivo. Que tempo e condições um trabalhador comum de poder aquisitivo baixo tem de atuar ativamente na comunidade? Os casos existem, mas não são regra”, destaca o professor. 

Lista de bens declarados pelos candidatos a prefeito e vice em PP

CANDIDATO A  PREFEITO

PATRIMÔNIO

CANDIDATO A VICE-PREFEITO (A)

PATRIMÔNIO

Ed Thomaz (PSB)

R$ 828.520,15

Izaque Silva (PATRIOTA)

R$ 299.737,81

Engenheiro Laércio (DEM)

R$ 916.865,95

Marcos Vinha (DEM)

R$ 726.068,86

Fábio Sato (MDB)

Nenhum bem cadastrado

Dr. Jailton Santiago (MDB)

R$ 40 mil

Guilherme Piai (PSL)

R$ 1.057.590,06

Neyla Pinheiro (PSL)

R$ 58.576,55

João Figueira (PRTB)

R$ 2.307.399,60

Arnaldo Gonino (PRTB)

R$ 694.459,25

José Lemes (PDT)

Nenhum bem cadastrado

Professor Luis (PDT)

R$ 27.974,00

Juliano Borges (PODE)

R$ 60 mil

Wadir Olivetti (PODE)

R$ 1.817.518,77

Luis Valente (PT)

R$ 6 mil

Professora Evelyn (PSOL)

Nenhum bem cadastrado

Major Glauco (PTC)

R$ 480.779,24

Cacilda Turismo (PTC)

R$ 473.782,00

Marcos Lucas (AVANTE)

R$ 413.548,36

Myriam Costa (AVANTE)

R$ 332.329,15

Nelson Buagalho (PSDB)

R$ 997.694,64

Dra. Ieda (PL)

R$ 932.862,78

Paulo Lima (PSD)

R$ 36.625.413,85

Padre Milton (PSD)

R$ 234.700,00

TOTAL

R$ 43.693.811,85

TOTAL

R$ 5.638.009,17

Fonte: DivulgaCandContas

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