Data é comemorada com churrasco beneficente

Evento será realizado no dia 24 de setembro, com o intuito de arrecadar fundos para a construção da sede da Associação dos Surdos

PRUDENTE - ANNE ABE

Data 19/09/2017
Horário 13:39

Com o objetivo de desenvolver a reflexão sobre os direitos e inclusão das pessoas com deficiência auditiva na sociedade, no dia 26 de setembro é lembrado o Dia Nacional dos Surdos. A data, oficializada pela Lei 11.796, de 29 de outubro de 2008, é considerada uma conquista para a comunidade surda, e, por isso, será comemorada com um churrasco beneficente, organizado pela Associação dos Surdos de Presidente Prudente.

Para os deficientes auditivos, a data representa a valorização de sua existência, já que, “muitas vezes, são tratados com indiferença, fazendo com que se sintam desprezados e até invisíveis”, conforme a membro do Conselho da Associação dos Surdos de Presidente Prudente, Maria Darcy Mariz Morano. “Eles se sentem importantes. A data é uma maneira de lembrar a existência deles, por isso, é preciso mantê-la”, acrescenta.

Para comemorar o Dia dos Surdos, a associação realizará um churrasco beneficente, com o qual estimam arrecadar cerca de R$ 3,5 mil, que serão destinados à construção de uma sede. O evento está marcado para o dia 24 de setembro, a ser realizado no Salão Paroquial cedido pela Catedral de São Sebastião. O convite custa R$ 35, por pessoa, e toda a população está convidada a participar. Além do banquete, o evento também contará com um bingo beneficente, em que serão entregues diversos prêmios doados, como quadros, peças de vestuário e de artesanato.

 

Data importante

Apesar de a data estar presente na legislação brasileira, Maria Darcy diz que ainda há questões a serem melhoradas para que haja a total valorização dos surdos. Um desses pontos é em relação à acessibilidade as pessoas com deficiência, pois, segundo ela, a maioria é voltada aos deficientes visuais. “A maioria das pessoas não enxergam os surdos quando falam em acessibilidade, os órgãos governamentais pensam sempre em rampa e piso tátil, não pensam em profissionais capacitados em libras, por exemplo”, acrescenta.

A falta de intérprete foi um problema enfrentado na época da escola por Flávio Augusto Gonçalves, 26 anos, que se sentia “de outro mundo”, por ser diferente dos demais. Hoje, Flávio atua como auxiliar administrativo no AME (Ambulatório Médico de Especialidades), onde passou seus conhecimentos em libras (Língua Brasileira de Sinais) para a maioria dos funcionários. “A data marca o início de uma luta pelos nossos direitos de igualdade. Esse dia nos fortifica ainda mais. Temos muito a conquistar, sonhamos com o dia em que a libras seja aceita como uma matéria importante na escola”, aponta.

O colega de trabalho, Gustavo Costa do Amaral, 24 anos, é ouvinte, e foi um dos que aprenderam libras com Flávio. Ele conta que a presença de um intérprete no serviço faz diferença no atendimento do público surdo, para o qual são chamados todas às vezes. “Ele [Flávio] me ensinou tudo que seu de libras e já se tornou normal a nossa convivência no trabalho. Às vezes, não sei alguns sinais, mas ele consegue entender lendo lábios”, relata.

A libras é considerada parte da identidade surda do intérprete Renan Roque Campos de Souza, 25 anos, mesmo sendo oralizado, por conta do trabalho com a fonoaudióloga desde os 3 anos até os 18. Para ele, o dia 26 é importante para a conscientização da comunidade ouvinte dos direitos dos surdos e relevante “para uma sociedade justa, menos preconceituosa e mais acessível”.

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