Dão fruto mesmo na velhice

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 24/07/2022
Horário 05:20

“Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92,15) é uma boa notícia a ser anunciada ao mundo neste 2º Dia Mundial dos Avós e Idosos –celebrado, hoje, 4º domingo de julho. A citação vai na contramão do que o mundo pensa dessa fase da vida e do comportamento resignado de alguns idosos que caminham com pouca esperança e sem nada mais esperar do futuro. Muitas pessoas têm medo da velhice. A “cultura do descarte” permeia as relações da sociedade. O velho é visto como não produtivo, frágil, sem função... descartável. Entretanto, ensina a Sagrada Escritura que uma vida longa é bênção, e os idosos são sinais vivos da benevolência divina. Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a família que honra os seus avós!

De fato, a velhice constitui uma estação de difícil entendimento. As sociedades desenvolvidas proporcionam planos de assistência, mas não projetos de existência. E, graças à aceleração do mundo, há uma interiorização do “descarte” por parte dos próprios idosos. Por um lado, afirma Francisco, são tentados a exorcizar a velhice, escondendo as rugas e fingindo ser sempre jovens, por outro parece que nada mais se possa fazer senão viver desiludidos, resignados a não ter mais “frutos para dar”. O Salmo 71 convida a continuar a esperar; confiando no Senhor, encontraremos a força para multiplicar o louvor (cf. Sl 71,14-20) e descobriremos que envelhecer não é apenas a deterioração natural do corpo ou a passagem inevitável do tempo, mas o dom de uma vida longa. Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção!

O Papa aconselha a vigiar sobre si mesmos e aprender a viver uma velhice ativa, inclusive do ponto de vista espiritual e, a partir da relação com Deus, cultivar as relações com os outros. A velhice não é um tempo inútil, mas uma estação para continuar a dar fruto: há uma nova missão convidando a voltar os olhos para o futuro. Um dos frutos a produzir é o de guardar o mundo. Muitos idosos maturaram uma consciência sábia e humilde, de que o mundo tanto precisa: não nos salvamos sozinhos, a felicidade é um pão que se come juntos.

Neste nosso mundo, queridos avôs, queridos idosos, estamos chamados a ser artífices da revolução da ternura para, juntos, libertarmos o mundo da sombra da solidão e do demônio da guerra! A todos convido-vos a anunciar este dia nas vossas paróquias e comunidades, a visitar os idosos abandonados, em casa ou onde estão hospedados. Procuremos que ninguém viva este dia na solidão. A visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo!

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 

 

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