Sinomar: Dalva, você tem uma trajetória muito interessante. Pode nos contar um pouco sobre sua formação acadêmica e como começou sua carreira?
Dalva Mello: Nasci em Iepê, em 1960, onde meu pai foi o único médico da cidade por 25 anos. Minha mãe adorava a língua francesa e foi professora de francês e português. Aos 13 anos, me mudei para Presidente Prudente. Aos 17, fui estudar veterinária em Jaboticabal, na Unesp (Universidade Estadual Paulista), mas logo depois de me formar, em 1982, casei e me mudei para São Paulo. Minha trajetória de vida foi marcada por diversas mudanças, incluindo um período dedicado ao teatro, onde tive a oportunidade de aprender muito sobre mim mesma e a desenvolver minhas habilidades de comunicação. Embora minha formação inicial fosse em veterinária, a paixão pelo mundo dos negócios me levou a mudar de direção, começando a trabalhar como faturista e, mais tarde, migrando para vendas técnicas e áreas de gestão.
Como foi a transição da Veterinária para o setor industrial e como você chegou à Bray Brasil?
No início, minha carreira estava voltada para a saúde pública e à veterinária, mas logo percebi que meu caminho seria diferente. Após me mudar para São Paulo, acabei trabalhando como faturista em uma pequena empresa, e foi lá que comecei minha carreira na indústria. Fui me destacando, principalmente na área de vendas técnicas, e acabei sendo contratada por uma empresa austríaca que fabricava válvulas industriais. Com o tempo, fui ganhando experiência e me tornei gerente de vendas. Em 2010, após o fechamento de uma empresa que eu havia ajudado a fundar, retornei ao mercado de válvulas, sendo contratada pela Bray Brasil, onde, em 2013, assumi o cargo de country general manager.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao longo de sua carreira e como os superou?
No início da minha carreira, o maior desafio foi a adaptação à mudança de profissão. Passei de veterinária para faturista, ganhando um salário-mínimo e morando em uma cidade enorme, longe da minha família. Mas, com o apoio da minha família e com o foco no futuro, fui superando essas dificuldades. Outro desafio grande foi a necessidade de aprender rapidamente sobre válvulas e equipamentos industriais, algo que era totalmente desconhecido para mim. Eu tinha que me dedicar muito, tanto no trabalho quanto nos estudos, para conseguir entender os processos e normas da indústria. Além disso, viajar constantemente foi outro desafio que exigiu equilíbrio emocional e organização.
“Vejo minha carreira como
uma série de passos em que
cada degrau foi alcançado
com muito esforço.”
Existe algum projeto ou momento decisivo que tenha marcado sua trajetória?
Não vejo minha carreira como uma sequência de momentos decisivos, mas sim como uma série de passos em que cada degrau foi alcançado com muito esforço. Um marco importante foi o momento em que consegui me estabelecer como gerente de vendas em uma indústria que eu nem conhecia direito. Depois disso, fui chamada para um novo cargo na Bray Brasil, onde fui desenvolvendo minha carreira até assumir a liderança da empresa no Brasil. Cada passo foi resultado de minha dedicação e preparação.
E qual é a sua missão pessoal como diretora da Bray Brasil?
Minha missão vai além de liderar a empresa; é também sobre cultivar o crescimento de cada pessoa da nossa equipe. Eu me sinto realizada ao ver meus colaboradores crescerem profissionalmente e também pessoalmente. Criamos um ambiente de trabalho que valoriza a união e o desenvolvimento de todos. A confiança que a Bray, com sua sede nos Estados Unidos, deposita em mim para gerir as operações no Brasil também é um grande reconhecimento, e tenho a liberdade para tomar decisões que ajudem a empresa a crescer cada vez mais.
Como mulher em uma posição de liderança, você encontrou dificuldades específicas? E quais conselhos daria para outras mulheres?
A maior dificuldade que enfrentamos como mulheres em cargos de liderança é o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. As mulheres, em geral, costumam ser mais envolvidas com a casa e a família, e isso pode ser desafiador quando se tem um cargo de alta responsabilidade. O equilíbrio é essencial e, por isso, sempre busquei manter minha saúde física e emocional em dia. A prática de exercícios, mesmo que simples, me ajuda muito. Para outras mulheres que desejam alcançar posições de liderança, meu conselho é nunca abrir mão da independência financeira e estar preparada para as oportunidades. E, claro, escolha um parceiro que compreenda os compromissos de trabalho.
Para encerrar, pode nos falar sobre a Bray Brasil e qual é o papel da empresa no mercado?
A Bray Brasil é líder no mercado de válvulas industriais e é uma das maiores empresas de válvulas de capital privado no mundo. Somos especializados em válvulas tipo borboleta, esfera, retenção e guilhotina, além de acessórios de automatização e controle. A empresa está presente em diversos setores, como energia, mineração, petróleo, alimentos, entre outros. No Brasil, temos duas unidades, em Paulínia (SP) e no Centro de Produção, que abastecem não só o mercado local, mas também outros países da América Latina. Estamos sempre focados em oferecer produtos de alta qualidade e buscar inovação constante.
“A maior dificuldade que
enfrentamos como mulheres
em cargos de liderança é o
equilíbrio entre a vida
profissional e pessoal.”