Da. Carmen Escobosa (Carmencita)

Iracema Caobianco Silva

CRÔNICA - Iracema Caobianco Silva

Data 04/01/2025
Horário 05:30

Aquela casa era muito movimentada por muitos amigos que quase sempre vinham sem marcar hora, de improviso, de repente ou até perto das refeições sendo todos recebidos com um sorriso e braços aberto da mãe acolhedora, dona Carmen ou Carmencita como carinhosamente a chamávamos. O aroma dos pratos apetitosos do almoço espalhava-se por toda a casa e a mãe servia quem chegasse com carinho, feliz por receber os amigos dos filhos e do Mane Escobosa, o músico.
A música sempre existiu naquela casa assim como a magia de receber os aficionados pelo cancioneiro popular. A alegria e sintonia vibrante com os amigos músicos, cada um com seus talentos, propiciava que eles ali se encontrassem e executassem chorinhos e outras peças musicais, formando posteriormente um grupo de seresteiros que encantou gerações em nossa cidade. 
Dona Carmen aproximou cada vez mais esta legião de amigos de gerações diferentes dos filhos: Nancy, Nilda, Nanete e João Manoel. 
A sua longevidade saudável e lúcida nos presenteou momentos únicos com lembranças indescritíveis dos nossos pais.
“... Vivíamos em Montalvão você, os nove filhos da D. Dolores ainda eram crianças e vi o nascimento de todos vocês. Depois viemos para Presidente Prudente, tivemos a sorte de morarmos na Vila Marcondes e ainda próximo da mesma família. Assim teu pai o Dorico, tocava bandolim com o Mané ensaiando todas as noites para tocarem no grupo com os outros tocadores...”.
A sua lucidez no remetia a momentos que desconhecíamos de nossa infância e adolescência. 
Sua longevidade a fez tão saudável, tão feliz que nos inspira a ter essa vontade de viver com o seu exemplo de mulher inteligente, forte, corajosa, brava, sabedora do eu lhe convém, autêntica e tão feliz.
Pouco antes de sua partida tivemos na casa onde tantos acolhimentos foram feitos e observamos que o carinho das cuidadoras e ajudantes do dia a dia e o amor emanados por elas e por seus filhos é que realmente é o remédio, o bálsamo para acender a chama da vida. 
Este carinho, dedicação, zelo, cuidado dos filhos e da família  a mantiveram lúcida, amorosa, serena e feliz ate seus últimos dias conosco. 
Abraçá-la e dizer que a amamos e receber dela o abraço correspondido e o amor que ficou eterno.
Assim nos lembraremos da dona Carmen, como a oração de  Santo Agostinho que nos remete à vida de quem amamos e vivera  eternamente  em nossos corações .

“A morte não é nada
A morte não é nada, 
Eu somente passei para o outro lado do caminho
Eu sou eu, vocês são vocês
O que eu era para vocês, eu continuarei sendo
Me deem o nome que vocês sempre me deram,
Falem comigo como vocês sempre fizeram
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, 
Eu estou vivendo no mundo do criador.
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo, sem nenhum traço de sombra ou tristeza
A vida significa tudo o que ela sempre significou
O fio não foi cortado.
Por que eu estarei fora de seus pensamentos, agora eu estou apenas fora de suas vistas?
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho...
Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi “
Santo Agostinho
 

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