Recentemente, circulou na imprensa a informação de que o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) teria proibido a realização de videochamadas entre familiares e pacientes com Covid-19 que estivessem na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), com base no Parecer 131045/2021 emitido pelo conselho. Segunda-feira, o CRM (Conselho Regional de Medicina) emitiu um posicionamento sobre o assunto e explicou que não há uma proibição das videochamadas, já que o parecer se trata de uma opinião e não possui a mesma força que as leis ou resoluções para permitir ou proibir uma conduta.
Inicialmente, a informação dava conta de que as visitas virtuais de familiares a pacientes com Covid-19 haviam sido proibidas, já que o conselho entenderia ser “absolutamente proibida” a exposição de pacientes sedados ou em coma, uma vez que o consentimento é impossível nessas condições, conforme divulgou a “Folhapress” e veiculou este diário no fim de semana.
No início da semana, em resposta a essa notícia, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo veio à público informar que não há proibição nesse sentido e relatou que houve uma interpretação equivocada do parecer em questão. “O conselho só disciplina a conduta do médico, e não do paciente”.
Além disso, alertou que, para casos de sedação, os pacientes não devem ser filmados ou participar de videochamadas, devido à impossibilidade de interagir e consentir quando à captação das imagens. “Neste caso, a única forma de participar de uma videochamada é por meio de diretiva antecipada de vontade”, expôs.
A Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, desde o início da pandemia, com o objetivo de reduzir a angústia das famílias frente à suspensão das visitas presenciais, afirma que adotou as videochamadas como forma de visita virtual. “O procedimento foi adotado para aproximar familiares e pacientes internados na UTI. O hospital adotou medidas de segurança junto aos familiares, com orientações para resguardar a privacidade e preservar o paciente de exposições indevidas em redes sociais”. Conforme o hospital, serviço é realizado com a participação do médico e psicólogo, sendo um convite à família. “Diante do parecer do Cremesp, a instituição vai discutir o assunto junto aos setores envolvidos para uma reavaliação do serviço”.
A Santa Casa de Presidente Epitácio, que realiza esse tipo de atendimento, relatou que o contato entre as famílias e pacientes é “primordial” e lembrou que possivelmente não acatará essa recomendação. “É um ganho muito grande e traz conforto às famílias, que elogiam muito, além de ser prático para as nossas equipes”. Apontou ainda que, além do fator emocional, as videochamadas são responsáveis por diminuir a aglomeração de pessoas ao lado de fora do hospital, já que, sem as ligações, muitas são as famílias que se deslocam para a unidade na espera de informações.
O HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente, por sua vez, informou que não adotou as visitas virtuais na unidade. “Existe, atualmente, o boletim médico por telefone, em horários pré-estabelecidos, para os familiares de pacientes assistidos nas alas psiquiátricas, enfermaria destinada ao tratamento do novo coronavírus e nas UTIs da Covid-19”.