Vivemos dois anos bem complicados. Quando a pandemia começou, lá em março de 2020, ninguém imaginava o que estava por vir. A quarentena foi decretada e muitas vezes prorrogada. Comércio fechou, reabriu depois com capacidade de público e horário reduzidos. Muitas lojas encerraram as atividades. Artistas pararam de fazer shows. Encontraram nas lives uma maneira de continuar perto do público. Mas muitos deles também foram obrigados a reduzir equipes ou a encontrar - em outras profissões - uma forma do dinheiro vir.
Eventos, rodeios, festas culturais, esportivas e religiosas canceladas. As missas e cultos por muito tempo só puderam ser assistidos de casa, pela televisão ou celular. Muitas empresas tiveram que adotar o sistema home office. As aulas pararam. Crianças sem ter o que fazer, sem poder sair, ficando horas e horas vidradas nas telas.
Nestes dois anos do novo coronavírus, que já matou mais de 6 milhões de pessoas no mundo, sendo 654 mil apenas no Brasil, vimos funcionários de Saúde esgotados, emendando plantões, dando o melhor de si na tentativa de salvar vidas. Muitas delas se foram. Muitas numa mesma família. Presenciamos hospitais lotados, abertura de leitos, hospitais de campanha, falta de insumos e medicamentos. Um verdadeiro caos. Passamos a sair só de máscara e com álcool em gel na bolsa. As visitas a familiares e amigos por muito tempo não aconteceram. Os abraços foram suspensos.
Assistimos no primeiro ano cientistas de todo o mundo correndo contra o tempo na busca de uma vacina. Quando elas foram sendo disponibilizadas, por grupos, no início de 2021, a chama da esperança foi se reascendendo. Quantos não perderam a vida sem terem tido a oportunidade de se imunizar?
Agora temos vários imunizantes sendo aplicados. Diferentes faixas etárias sendo incluídas no PNI. Com inúmeras variantes aparecendo, a situação só não está pior, graças ao avanço da vacinação.
Mas acreditem, o número de faltosos – que não voltaram para tomar a segunda ou terceira doses – segue em alta, inclusive em Presidente Prudente. Por aqui, conforme balanço divulgado pela VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) na edição de ontem, 76.514 pessoas perderam a data do retorno às unidades de saúde para completarem o esquema vacinal contra a Covid-19. Deste total, 13.637 estão atrasados para a segunda dose e 62.877 para a dose de reforço.
O engraçado é que a maior parte dos que estão com a dose atrasada (10.047) é público jovem, na faixa etária dos 19 a 24 anos. Geralmente pessoas que estudam, trabalham, que têm contato com outras pessoas, mas que, pelo jeito, não estão preocupadas com elas nem com seu próximo. Temos ainda 3.262 doses pediátricas em atraso. Os pais e responsáveis precisam se atentar aos prazos. São coisas que não dá pra deixar para depois.
Quantos hoje não estão lá no hospital, sofrendo em um leito de UTI, arrependidos por não terem se vacinado ou voltado para tomar uma dose extra? Em muitos casos, infelizmente, pode ser tarde demais.