Covid é “bomba-relógio” nas penitenciárias

Reportagem ouviu alguns municípios da região sobre as preocupações de um possível surto da doença

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 07/07/2020
Horário 09:44
Arquivo - Em cidades com mais de uma unidade prisional, situação merece atenção
Arquivo - Em cidades com mais de uma unidade prisional, situação merece atenção

Manter o isolamento social tem sido complicado. Algumas pessoas respeitam, outras não. Mas, para quem já vive em completa quarentena, não há outra escolha a não ser readaptar os cuidados. Nos casos das unidades prisionais, diversas medidas foram necessárias para que a Covid-19 não se espalhasse para toda a população carcerária, bem como aos funcionários da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) que garantem a segurança dos locais.

Em municípios onde há mais de uma unidade prisional, um eventual surto da doença nas penitenciárias poderia fazer com que a saúde entrasse em colapso.

Em Tupi Paulista, por exemplo, há duas unidades prisionais, e ambas tiveram confirmações de Covid-19. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Márcia Matos, “o confinamento” dentro das unidades gera preocupação de uma possível propagação. “O atendimento de saúde é o mesmo para a população privada de liberdade e a civil”, afirma.

“Temos como apoio a santa casa de Dracena, referência secundária para casos graves”.  

Para a secretária de saúde de Pacaembu, Manuelina Colpas, “nenhum município ou sistema de saúde no Brasil está preparado para um surto da doença, por se tratar de algo desconhecido e ainda sem vacina”. Na cidade, das quatro unidades prisionais, três tiveram confirmações de Covid, entre testes rápidos e PCR nos servidores e detentos.

“Tendo em vista que estamos diante de uma doença nova, para todos nós, qualquer número relacionado a ela preocupa o Sistema Público de Saúde, principalmente se esses dados indicarem aumento de casos positivos”, expõe.

Das duas unidades de Caiuá, apenas o CDP (Centro de Detenção Provisória) contabilizou registro da doença. Apesar disso, a enfermeira Priscila Carla de Almeida Gimenes, da Vigilância Epidemiológica Municipal, afirma que a preocupação “é muito grande”, pois se trata de uma “bomba-relógio”.

A insegurança surge pelo fato de o município contar apenas com uma unidade de saúde, que encaminha doentes a Presidente Epitácio. “Existe equipe de saúde no presídio, o que ajuda”, salienta.

Adoção de medidas 

reduz os casos

“Qualquer tipo de contaminação em massa vai ruir todo e qualquer sistema de saúde de município que tenha penitenciária”. É o que afirma Valmir da Silva Pinto, titular da Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente.

Apesar de haver apenas uma unidade prisional no município, com confirmações que vão na contramão dos crescentes casos de Covid fora da penitenciária, afirma que observou “melhora considerável” no número de contaminação no cárcere.

“Esses casos são antigos, não percebemos uma continuidade porque passaram a adotar medidas como EPIs [equipamentos de proteção individual]; houve um investimento maior da SAP que fez com que cessasse a proliferação dos casos”, pontua. “Mas, sem sombra de dúvidas que qualquer município está preocupado sim!”.

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