Corredores de Vida: projeto do IPÊ promove restauração florestal

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 22/09/2024
Horário 04:10
Foto: Lucas Leoni
Manejo de populações visa salvar mico-leão-preto da extinção
Manejo de populações visa salvar mico-leão-preto da extinção

A restauração do hábitat que começou por conta dos micos-leões-pretos ganhou escala e deu origem a outro projeto do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), o Corredores de Vida, que traz a floresta de volta, a partir da restauração florestal de áreas estratégicas para a conectividade entre os fragmentos. Essas áreas incluem a conexão entre as duas unidades de conservação da região, o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica do Mico Leão-preto, estabelecida em 2002.

Para Gabriela Rezende, coordenadora do Programa de Conservação do Mico-leão-preto do IPÊ, é essencial que o projeto siga de maneira paralela em duas direções. “Se focarmos no manejo e não cuidarmos do habitat, não teremos o resultado esperado; por outro lado, se cuidarmos do hábitat sem realizar manejo, pode ser que a gente perca populações no tempo em que essa floresta está sendo restaurada. O projeto Corredores de Vida já plantou mais de 6 milhões de árvores na região, incluindo 2,4 milhões que formam o maior corredor florestal já restaurado no bioma. São duas demandas que devem ser trabalhadas de maneira simultânea, já que uma contribui com a conservação no curto prazo e a outra no longo prazo”.

Artigo publicado neste ano (março de 2024) na revista Conservation Biology revelou que, entre os primatas ameaçados de extinção em todo o mundo, apenas o mico-leão-preto teve o status melhorado nas últimas décadas.

O que já mudou

Após ser considerada extinta por mais de 60 anos (1905 a 1969), a espécie redescoberta em 1970, na região do Pontal do Paranapanema, entrou em 1982 para a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da IUCN (International Union of Conservation of Nature, ou União Internacional para Conservação da Natureza), como "ameaçada".  Na época, havia um entendimento diferente do atual e as classificações das espécies se limitavam à "extinta", "ameaçada", "vulnerável", "rara" ou "indeterminada". 

Em 1996, por conta de novos critérios da IUCN, baseados na extensão de ocorrência, extremamente fragmentada e reduzida, o mico-leão-preto foi classificado como “criticamente ameaçado”. Em 2000, integrou a lista das 25 espécies de primata mais ameaçadas do mundo, elaborada pelo Grupo Especialista de Primatas da IUCN.  

Segundo Gabriela Rezende, em 2008, a IUCN reavaliou a situação da espécie, levando em consideração todo o conjunto da obra: as pesquisas de campo em andamento, o manejo de populações e a melhoria do hábitat por conta do projeto de restauração iniciado na região do Pontal do Paranapanema.
“Novas populações foram descobertas no Alto Paranapanema, aumentando, assim, o tamanho populacional e a extensão de ocorrência. Além disso, tivemos o início do projeto de restauração de corredores do IPÊ, a criação da Estação Ecológica Mico-leão-preto, dentre outras ações que fizeram diferença na avaliação da IUCN em 2008, que migrou o mico-leão-preto para “em perigo”, uma categoria mais esperançosa”, explica Gabriela Rezende.

A estimativa mais recente considera que 1,8 mil indivíduos vivem na natureza, distribuídos em cerca de 20 localidades no Estado de São Paulo, entre o Rio Tietê e o Rio Paranapanema, sendo cerca de 65% deles no Parque Estadual Morro do Diabo.

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