“Sempre mantive a fé, sou cristão e acredito muito na força do pensamento”. A afirmação é de Francisco Batista Leopoldo Júnior, chefe de gabinete da Prefeitura de Presidente Prudente, que venceu o novo coronavírus após 19 dias internado, 11 deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Aos 56 anos, sendo 34 na Polícia Militar, o coronel da reserva lutou bravamente contra o inimigo invisível e comemora o renascimento. “Jamais devemos desistir enquanto houver vida”, afirma. A partir de hoje, O Imparcial publica uma série especial com relatos de quem venceu a Covid-19.
“Coronel Leopoldo”, como é popularmente conhecido pela comunidade, viu a vida passar por um triz ao ser contaminado pelo vírus. Em entrevista a este diário, ele conta que foi o único da família e do ambiente de trabalho a ser diagnosticado com a doença. Na semana anterior ao dia 27 de julho, quando foi internado no Hospital Iamada, os primeiros sintomas da Covid já davam as caras.
“Muita dor de cabeça, febre, indisposição intestinal”, lembra. “Achei que pudesse ter sido algo que comi, porque no dia seguinte tive uma melhora”, conta.
Porém, dias depois voltou a se sentir mal e foi ao médico. Em um primeiro momento estava tudo bem, inclusive, o teste de Covid deu negativo. Mas, devido aos sintomas ainda suspeitos começou o tratamento, em isolamento completo dele e a família. Mesmo medicado, a febre retornou e em visita ao infectologista Alexandre Portelinha constatou-se que parte do pulmão estava comprometida – o que confirmou a doença.
“Fiquei tranquilo, porque o médico foi muito cauteloso nas explicações”, afirma Leopoldo.
ME RECORDO MUITO BEM DA FALA DE UMA FUNCIONÁRIA: ‘FIQUE TRANQUILO, AQUI O NOSSO PAPEL É SALVAR VIDAS, E O SENHOR VAI SAIR DAQUI BEM’. FOI MUITO IMPORTANTE
Francisco Batista Leopoldo Júnior
Entre 27 e 29 de julho, ele esteve internado na enfermaria. No entanto, no dia 30, quinta-feira, houve agravamento no quadro clínico devido ao pulmão estar 80% comprometido pela doença. Foi então que houve a necessidade de intubação na UTI. “[O médico] não alarmou muito, me explicou como seria o procedimento”, conta. “Me recordo muito bem da fala de uma funcionária: ‘fique tranquilo, aqui o nosso papel é salvar vidas, e o senhor vai sair daqui bem’. Foi muito importante”, salienta.
Leopoldo diz que não se recorda dos nove dias em que esteve sedado, e que quando acordou havia perdido a noção de tempo e espaço. “Quando vi meu filho, eu disse que teria que pagar as minhas contas, porque estavam vencendo [risos]. Mas, lembranças mesmo? Nenhuma”.
Apesar dos momentos de medo e angústia vivenciados no que ele chama de “experiência”, é possível tirar uma lição: a de dar importância à família e amigos; além daqueles que fizeram uma corrente positiva de orações. “Precisamos muito desse calor humano”.
De volta para casa, Leopoldo afirma estar sem sequelas. “Perdi bastante massa, nos primeiros dias tive dificuldade para falar. Mas agora já estou de volta à rotina de trabalho, até mesmo fazendo atividade física”, comemora. “Tive uma recuperação muito boa e é importante que as pessoas continuem cuidando da higiene, mantendo o distanciamento social, porque a doença é grave e não escolhe sexo, classe social ou nível cultural”, explica.
Leopoldo lembra da importância de valorizar a família
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