Em meio aos sofrimentos e angústias da contemporaneidade, a coragem aparece como um remédio imprescindível para a preservação da felicidade, pois o desânimo adquiriu uma influência maior na vida dos indivíduos. Nesse sentido, a ansiedade, o fatalismo e a desesperança passaram a ocupar o núcleo estrutural da modernidade. Entretanto, é preciso frisar a necessidade da resiliência como instrumento para atenuar a tristeza e a inquietação presentes no ambiente atual.
Nesse sentido, Santa Teresa de Jesus, teóloga mística espanhola, reiterava: “Ter coragem diante de qualquer coisa na vida, essa é a base de tudo”. Sob o mesmo ponto de vista, o filósofo São Francisco de Sales dizia: “Podemos vencer sempre, uma vez que queremos combater”. Em vista disso, percebe-se a importância da coragem, ou seja, da capacidade de perseverar, como condição para o progresso na vida. Contudo, não se trata de um crescimento reducionista, focado tão somente no quesito material, mas, sobretudo, no aspecto moral. Dessa forma, pode-se afirmar que a resiliência expressa uma das dimensões valorativas da coragem genuína, pois a virtude de se reerguer em meio aos sofrimentos e instabilidades revela uma característica importante de quem preza pelo crescimento pessoal e, principalmente, pela verdade.
Nesse sentido, quem enfrenta as adversidades e não se deixa abater pelas tristezas do cotidiano manifesta uma resiliência nevrálgica para a felicidade. Ademais, aquele que persiste e não desiste, sobretudo, em prol do Sumo Bem e da Verdade, manifesta a coragem autêntica, ou seja, a virtude da fortaleza. Diante do exposto, se faz importante destacar a definição de fortaleza apresenta pelo Catecismo da Igreja Católica, a saber: “A fortaleza é a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na prossecução do bem”.
Portanto, a capacidade de ser resiliente é uma expressão da virtude da fortaleza. Contudo, para a resiliência ser enquadrada como virtuosa, é preciso enxergá-la a partir de uma visão teleológica, conforme apontava o filósofo grego Aristóteles. Diante disso, a constância e a perseverança que possuem como finalidade a preservação dos valores morais da caridade, do amor e do bem refletem, em última instância, a verdadeira resiliência, ou seja, a virtuosa.
“São santos os que lutam até o fim da vida: os que sempre sabem levantar-se depois de cada tropeço, de cada queda, para prosseguir valentemente o caminho com humildade, com amor, com esperança” (São Josemaría Escrivá).
Em vista dos fatos mencionados, percebe-se que a capacidade de ser resiliente é nevrálgica para o progresso pessoal em sua dimensão holística (espiritual, moral, social e pessoal). Ademais, somente por meio da fortaleza é possível contemplar a esperança em meio ao sofrimento. Somente, pela prática da coragem, é possível encontrar forças para manter a constância no exercício do bem e da caridade. É preciso reafirmar sempre: “Coragem, querido coração”, conforme diria o personagem Aslam em “As Crônicas de Nárnia”. Enfim, quem é resiliente encontra vitória, ainda que tardia, pois “Aquele que luta tem o que esperar. Onde há luta, há coroa” (Santo Ambrósio de Milão).