Carlos Drummond de Andrade escreveu “Para Sempre”, um poema sobre mãe: “Por que Deus permite/ que as mães vão-se embora?/ Mãe não tem limite,/ é tempo sem hora,/ luz que não apaga/ quando sopra o vento/ e chuva desaba,/ veludo escondido/ na pele enrugada,/ água pura, ar puro,/ puro pensamento./ Morrer acontece/ com o que é breve e passa/ sem deixar vestígio./ Mãe, na sua graça,/ é eternidade./ Por que Deus se lembra/ —mistério profundo—/ de tirá-la um dia?/ Fosse eu Rei do Mundo,/ baixava uma lei:/ Mãe não morre nunca,/ mãe ficará sempre/ junto de seu filho/ e ele, velho embora,/ será pequenino/ feito grão de milho.” De fato, mãe não vê filho crescer; sempre menino, necessita de cuidados.
Na estrada, pelo rádio, ouvia a carta de uma “mãe à procura do filho”. Há 39 anos ele partira para Curitiba procurando um trabalho. A única notícia que mandou para sua mãe foi na semana após a partida de casa. Na carta —dizia— teria nova procura pela frente. Iria ao Paraguai tentar o que em Curitiba não logrou: um emprego. Daquela data até hoje nenhuma outra informação sobre o seu paradeiro. Profundamente tocado me emocionei quando aquela “mãe à procura do filho” sentenciou: “o meu coração ainda não me informou da morte do meu filho”.
De pronto, surgiu a pergunta: que comunhão é essa que habita a alma da mulher-mãe? Que onipotência e onipresença materna são essas? Deus teria colocado no coração da mulher-mãe algo d’Ele que em nós outros não colocou? Noutro forte momento do seu relato: “todo coração de mãe, de noite, fica inquieto, angustiado... pensando e esperando pelo filho”, confessou. A lembrança recordou minha avó, minha mãe, e tantas outras mães que escuto por ai... Bem dizem que mãe é tudo igual, só muda o endereço.
Recordo também da Virgem Maria, a Mãe de Jesus, que ofereceu todo o seu ser para que Deus nos fizesse capazes da salvação. Ela que, no dia da apresentação de Jesus no Templo, ouviu o profeta Simeão dizer-lhe que uma espada de dor transpassaria a sua alma (cf. Lc 2,34-35). Ela que conduziu, embalou, sentiu, ensinou e aprendeu do homem-Deus gerado em seu ventre. Ela que não é deusa estava de pé no Calvário do Filho. Ela não podia tirá-lo da cruz. Podia somente fazer o que sempre fez: amar o seu Filho, até o fim! Estar com Ele.
Dia desses, calou-me profundamente, um pensamento, mais ou menos assim: “um filho é levado por nove meses no ventre, três anos nos braços e por toda a vida no coração”. Assim, rezo pela minha, pela sua e por todas as mães que a vida gerou. E por quem anseia sê-lo também.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!