Já falei que tudo que move o ser humano deve levá-lo a Deus. Porém, existem outras pequenas coisas que movem os seres humanos e essas pequenas coisas, numa grande maioria das vezes, tornam-se deuses em suas vidas, passam a direcionar os passos e as vontades dos seres humanos. As pessoas apresentam características particulares de acordo com as relações e estruturas sociais que as caracterizam.
A atividade diária e prática das pessoas levam-nas a construir e reproduzir coisas que sustentem a principio sua condição social e que perpetue sua tribo. Para alguns, a vida é bem mais simples, como perguntava eu outro dia a um amigo qual era a comida que mais gostava e a resposta foi arroz com ovo. Existem então pessoas que se escravizam e as que não se escravizam às condições materiais.
As práticas cotidianas das pessoas modernas as fazem consumir e cada vez mais deixar-se levar e endeusar-se por marcas, transferindo assim seus valores para os objetos produzidos por eles mesmos. Ficam sob a ilusão de que esse comportamento é condição natural de viver e pertencer a uma sociedade moderna. A criação torna-se trabalho e o trabalho tem que ser vendido e assim uma pessoa torna-se propriedade da outra. Gerando dinheiro e compras, assim as pessoas tornam-se admiradoras e consumidoras passivas.
Há pessoas que não vivem sem as marcas, sendo essas condições de acesso à sua ascensão social e pessoal. As marcas estão impregnadas em nossas vidas, percebemos isso quando saímos para comprar uma “Gilete”, quando acaba a “Maizena”, quando precisamos tirar uma “Xerox”, quando o “Omo” acaba. Essas, dentre outras marcas, mais que historicamente já fazem parte de nosso cotidiano. Há também alguns comportamentos entre os jovens como, por exemplo, o processo de identificação com o "grupo" a qual pertencem assim fidelidade à marca será um aspecto importantíssimo para aceitação do grupo: tênis, calça jeans, camisetas, celulares e acessórios, etc..
Visualmente também, reconhecemos milhares de logotipos que fazem parte de nossas vidas, pois estão nos supermercados, nos outdoors, na TV e no nosso subconsciente. Quem já saiu com criança pequena para fazer compras sabe bem que, os pequenos, mesmo sem ler, reconhecem exatamente qual é cada produto, principalmente se for um doce e ainda repetem a seguinte frase: Mãe, “compre Batom”.
As marcas entram no cotidiano e ficam, porque prometem ao consumidor felicidade, fama, amigos, prosperidade. O fabricante procura personalizar sua marca com resultados que deveriam ser adquiridos pelas pessoas através de suas buscas de seus merecimentos, então se não encontram esse caminho as marcas tornam-se mecanismos de acesso a ele.
Ives Saint Laurent, famoso estilista francês, dizia que a melhor coisa para uma mulher era estar nos braços do homem que ela amava, para as que não tivessem essa felicidade elas tinham os vestidos de Ives Saint Laurent. A Brastemp tenta e consegue convencer o consumidor de que ele pode até adquirir outro produto mais barato, mas não será “aquela Brastemp”. Oi, Claro e Vivo vendem sua acessibilidade trabalhando valores de família, a Natura a preservação do planeta, portanto, pertencer a uma dessas marcas é estar com os valores delas adquiridos.
Dizer por aí “amo muito tudo isso” passou a ser natural e constante. A sociedade atual tem de tudo, mas nem tudo faz bem ao ser humano. É necessário distinguir o que serve para ajudar às pessoas na sua dignidade, no ser imagem e semelhança de Deus. No dizer dos provérbios: “Feliz o homem que encontrou a sabedoria..., mais feliz ainda é quem a retém” (Pr 3, 13-18). É como encontrar ouro, prata e objetos preciosos.
A maior conquista da vida terrena é a pessoa humana, por isso a marca fundamental para cada pessoa humana adquirir deve ser a sabedoria. Enfim, a vida humana, é uma conquista diária, com lutas e enfrentamentos a todo instante. E não é fácil construir o bom no meio de tantas propostas oferecidas pela cultura do consumismo ao ser humano. A sabedoria deve ser encontrada e antes de tudo retida no coração de cada um como marca almejada, só assim você ira fazer da sua vida “essa Coca Cola toda”.