Nos últimos anos, acompanhamos uma progressão no debate público em torno da participação feminina na política, entretanto, desde as câmaras dos vereadores até o Senado Federal, a taxa de representatividade ainda permanece muito aquém, mesmo frente a um panorama social no qual as mulheres representam mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado.
No ano em que se comemora 88 anos do sufrágio feminino no país e 25 anos da lei que inicialmente definiu as cotas eleitorais, seguimos com um panorama de apenas 15% de representação feminina no Congresso brasileiro e 16% nas câmaras municipais. Apesar das eleições municipais de 2020 terem registrado um recorde na participação feminina, o número não repercutiu na eleição efetiva de mulheres.
Desde as câmaras dos vereadores até o Senado Federal, a taxa de representatividade feminina ainda permanece muito aquém
Em Presidente Prudente, tivemos três mulheres que ocuparão as cadeiras do Legislativo a partir do ano de 2021; e na nossa região, tivemos em várias cidades, a eleição de mulheres como prefeitas. Apesar da vitória nas urnas, a prefeita eleita na cidade de Bauru, a primeira mulher negra a chefiar o Poder Executivo municipal, recebeu ataques racistas pelas redes sociais.
A sub-representação feminina na política produz efeitos negativos na elaboração e consolidação de políticas públicas inclusivas, que considerem as questões de gênero. Para superar as posições desiguais de participação política devemos ponderar acerca da composição dos pleitos femininos, considerando a distribuição desigual de recursos de campanha, a intensidade das fakenews e a cultura patriarcal que segue restringindo a participação feminina nos espaços de poder.
Há várias dimensões a serem observadas para que se possam esboçar caminhos para a paridade de gênero no âmbito político, de modo a evidenciar uma correlação positiva entre o regime democrático e a expansão de proteções institucionais a um nível de equidade e que resulte na solidificação da justiça social.