O Conselho Superior do MPE (Ministério Público Estadual) aprovou, no dia 28 de março, por unanimidade, uma moção de apoio e solidariedade ao promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em Presidente Prudente, Lincoln Gakiya, que vem sofrendo ameaças de morte por parte de uma organização criminosa.
Na moção, proposta pelo conselheiro Saad Mazloum, o colegiado sustenta que "as autoridades competentes devem seguir adotando todas as medidas urgentes e necessárias para garantir a segurança" do promotor e de sua família, a fim de que o membro do Gaeco "possa continuar a exercer suas funções com a mesma dedicação e ética que tem demonstrado".
O conselho repudiou qualquer ameaça, consignando que, em um Estado Democrático de Direito, um membro do Ministério Público que adota "ações corajosas e dedicadas" não pode ser alvo de nenhuma retaliação.
Gakiya está na mira da facção nos últimos cinco anos. Em 2018, foram interceptadas cartas com ameaças de morte direcionadas a ele na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau. Elas estavam com duas mulheres, de 39 e 45 anos, após a saída das visitantes da unidade prisional.
Novas cartas com o mesmo teor foram apreendidas no início de 2019, desta vez na Penitenciária de Junqueirópolis, e em outubro daquele mesmo ano, na Penitenciária Silvio Yoshihiko Hinohara, a P1, em Presidente Bernardes.
Já em julho de 2020, agentes da penitenciária de Mirandópolis (SP) apreenderam um bilhete escondido nas roupas de um detento. Nele, era cobrada a morte de Gakiya. Tratava-se de um desdobramento de uma ordem dada por Marco Camacho, o Marcola, ordenando o assassinato caso a transferência dos chefes da facção para presídios federais se concretizasse.
Em novembro de 2018, a Justiça de São Paulo determinou a transferência de seis integrantes da organização criminosa para presídios federais. Entre eles, estavam dois do primeiro escalão da facção: Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden.
Todos eles eram suspeitos de integrarem a chamada "sintonia final dos Estados e países" e comandarem crimes em 14 Estados da federação, incluindo ataques ocorridos em Minas Gerais e assassinato de agentes da lei. Esse comando era exercido do interior da P2 de Venceslau, onde estava presa a cúpula da facção.
A ameaça mais recente foi revelada em março deste ano após a deflagração da Operação Sequaz pela Polícia Federal. O objetivo era desarticular a organização criminosa que planejava homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação, Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo.