Conheça as áreas de atuação do serviço de telemonitoramento

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 15/04/2023
Horário 04:06
Foto: Ector Gervasoni
Central de atendimentos funciona no 2º andar do Ambulatório Médico “Professora Ana Cardoso Maia de Oliveira Lima” 
Central de atendimentos funciona no 2º andar do Ambulatório Médico “Professora Ana Cardoso Maia de Oliveira Lima” 

No caso da Enfermagem, por meio do Telemonitoramento da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), os alunos atuam no atendimento de adultos e idosos com doenças crônicas, a exemplo da hipertensão e diabetes. “Eles aplicam instrumentos que visam avaliar a condição de saúde e rastreio de risco de doenças cardiovasculares que essa população pode apresentar, sendo eles IVCF-20, IMC e o escore de Framingham. Além disso, trabalham demandas trazidas pelos próprios pacientes”, detalha o enfermeiro responsável pelo telemonitoramento, Gabriel Felipe Floriano Santana
Ele mesmo começou a trabalhar no Telemonitoramento da Unoeste ainda na condição de voluntário quando era acadêmico. Continuou no projeto porque desenvolveu um bom trabalho e acredita na eficácia dessa modalidade de atendimento. “Teleconsultas vêm ganhando muita força após a pandemia da Covid-19 e se aprimorando cada vez mais. Tudo indica que esta modalidade irá crescer muito nos próximos anos. Possibilita também uma melhor instrução sobre o uso da rede de saúde disponível em um município, pois além de serem orientadas nas consultas, as pessoas também podem ligar para saber onde buscar ajuda presencial. Ou seja, o usuário não fica perdido na rede SUS [Sistema Único de Saúde] de atendimento. Isso reflete em um ‘desafogamento’ das unidades de saúde devido já estarem sendo acompanhados pelo serviço”, completa.
O telemonitoramento foi um dos aprendizados deixados pela pandemia. É que em razão do distanciamento social no período mais crítico, os encontros e reuniões remotas, por meio do uso das tecnologias, se tornaram frequentes naquele período, abrindo outros precedentes.
Para a coordenadora do curso de Enfermagem, Dra. Larissa Sapucaia Esteves, a telemedicina veio como uma forma possível de cuidado durante a pandemia. “Hoje entende-se que ela não somente é possível, mas extremamente importante para o telemonitoramento das condições de saúde das pessoas, em especial aquelas com doenças crônicas não transmissível. O estudante então, precisa, desde a graduação, compreender que o acesso às pessoas não se faz apenas de forma presencial, que o cuidado pode ser realizado de forma remota, por contato telefônico e para isso não há barreiras. Trata-se da necessidade de ampliar as formas de cuidado”, enfatizou.
Dra. Larissa também entende que o serviço de telemonitoramento não tem apenas o objetivo de desafogar os atendimentos na Rede de Atenção Básica. “A missão não é desafogar o sistema, mas ajudar as pessoas a tomarem boas decisões ao longo do seu tratamento, tais como: o que comer, como tomar um medicamento, porque a atividade física vai ajudar a melhorar minha qualidade de vida. Isso está relacionado com cuidado longitudinal em que o profissional de saúde precisa compreender que as pessoas sempre estarão por perto necessitando de cuidado, e que temos a missão de ajudá-los nas decisões do dia a dia. Então, se elas se mantiverem saudáveis por mais tempo, utilizarão o sistema de saúde de forma racional. Essa é a missão do telemonitoramento”.
E emendou: “Penso que ainda há muito preconceito tanto da população, quanto dos estudantes de estar cuidado por telefone. Mas, quando compreendem a essência dessa maneira de cuidado, passam a considerar essa possibilidade. Vejo médicos e enfermeiros recém-formados já trazendo essa possibilidade para suas práticas diárias”.

Fisioterapia em saúde coletiva

Já no caso da Fisioterapia, os alunos que fazem a disciplina curricularizada de Fisioterapia em Saúde Coletiva têm a chance de colocar em prática, nesse contato remoto com o paciente, tudo o que aprendem em sala. De acordo com a professora Ana Karênina Dias de Almeida Sabela, esse modelo de disciplina sugerido pelo MEC precisa oferecer um serviço voltado para a população. É a oportunidade então que os alunos têm de construir todo o projeto feito durante o semestre.
“Nós determinamos um público-alvo que são os pacientes hipertensos. Eles [estudantes] escolheram o Questionário Internacional de Atividade Física, o IPAQ, que avalia a atividade física das pessoas. Num primeiro momento eles fazem a aplicação desse questionário pra verificarem se as pessoas são sedentárias ou ativas, e num segundo momento eles dão um feedback a essas pessoas para que elas tenham uma orientação de educação em saúde sobre a importância da atividade física pra hipertensão. Então dessa forma os alunos conseguem ter um contato com os pacientes, conseguem ver a necessidade da população e contribuir com as orientações. Isso agrega no conhecimento do aluno, já tendo essa vivência prática”, explica, acrescentando que ao fim do semestre os alunos apresentam todos esses dados para equipes do telemonitoramento ou ESFs, para que tenham acesso a tudo que foi construído durante o semestre.

Atenção psicossocial

O serviço de telemonitoramento disponibilizado pela Unoeste também conta com o envolvimento da Psicologia, cujos alunos do curso realizam o cuidado integral longitudinal e remoto a idosos, pessoas com doenças crônicas, gestantes e puérperas. Segundo a professora do curso e responsável pelo acompanhamento desse trabalho, Andreia Duarte Alves, a prática é orientada pelas diretrizes técnicas e princípios da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no nível da Atenção Primária do SUS. As ações, ainda de acordo com ela, seguem os princípios da Clínica Ampliada, baseando-se na identificação e análise dos determinantes sociais de Saúde. “Nossas atividades são baseadas em documentos como o Guia de Apoio Matricial em Saúde Mental da Estratégia em Saúde da Família e na Referência Técnica do Conselho Federal de Psicologia (CFP) para atuação da Psicologia na Atenção Básica em Saúde”, detalha.
O envolvimento da Psicologia no projeto ocorre desde 2020, fase de maior impacto sanitário e social da pandemia de covid. Importante explicar que o atendimento realizado pelos estagiários da Psicologia no telemonitoramento não é de psicoterapia, mas sim de atenção psicossocial. “A Psicologia tem oferecido cuidado longitudinal a pacientes encaminhados pelas unidades de saúde do município, especialmente, a pessoas idosas e/ou com doenças crônicas. O trabalho visa, através da escuta qualificada, promover o acolhimento das necessidades integrais em saúde, identificar e avaliar os determinantes sociais de saúde desses usuários, mapeando os fatores que podem ser fortalecidos de forma a ampliar a qualidade das relações familiares, comunitárias, ambientais, econômicas e sociais, orientando estratégias para a promoção de qualidade de vida e bem-estar”, complementa ela.
Em casos em que os estagiários identificam a necessidade de psicoterapia ou atendimento especializado e presencial em Saúde Mental, o encaminhamento a serviços especializados é feito, especialmente para unidades especializadas do SUS, a exemplo dos Caps (Centros de Referência de Atenção Psicossocial) e outros serviços de emergência em saúde mental, além do próprio Serviço-Escola de Psicologia da Unoeste, que também oferece psicoterapia gratuita e presencial. No fim das contas, todos saem ganhando, inclusive os alunos que adquirem muita experiência nesse tipo de orientação.
“O estágio no telemonitoramento é importante para os estudantes de Psicologia por inúmeras razões. Primeiro porque oportuniza uma visão integral de saúde e a clínica ampliada, capacitando para uma prática generalista, transdisciplinar e integrada a outros saberes e às demais políticas públicas. Em segundo, eles têm a possibilidade de desenvolver habilidades necessárias para atuar nas especificidades do trabalho em saúde mental na Atenção básica do SUS, compreendendo a importância de desenvolver uma análise voltada à promoção de saúde coletiva. Em terceiro, desenvolvem o aporte metodológico e ético para atuação psicológica remota, especialmente pela crescente demanda deste tipo de serviço por parte da população”, encerra a professora.

Foto: Ector Gervasoni

Ana Sabela, professora de Fisioterapia: “os alunos conseguem ter um contato com os pacientes e contribuir com as orientações” 

CONFIRA TAMBÉM:

Telemonitoramento soma mais de 7 mil atendimentos à saúde

Publicidade

Veja também