Congresso nacional em PP estimula o brincar na primeira infância

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 27/07/2016
Horário 10:12
 

Em tempos de ensino integral, alfabetização prematura e horários controlados, uma proposta antiga de aprendizagem soa incomum entre professores, educadores, pedagogos e estudantes. Trata-se do simples e ancestral exercício do brincar, que defende o aprendizado infantil por meio das brincadeiras inerentes às crianças. Tal modelo de educação está sendo discutido no primeiro Congresso Nacional da Primeira Infância, que teve início na tarde de ontem, com o tema "Pelo direito de brincar". Os encontros serão realizados até sexta-feira, no Centro Cultural Matarazzo, no Sesc Thermas e nas dependências da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), em Presidente Prudente.

Jornal O Imparcial Credenciamento dos inscritos foi realizado ontem, no Centro Cultural Matarazzo

Na tarde de ontem foi realizado o credenciamento dos inscritos, no Centro Cultural Matarazzo. De acordo com a coordenadora geral do evento e professora da FCT/Unesp, Cinthia Magda Fernandes Ariosi, cerca de 400 pessoas confirmaram presença no evento, que visa levantar um debate acerca da importância da prática do brincar durante a primeira infância, em detrimento da alfabetização. "Nossa intenção é promover um diálogo entre acadêmicos, professores, estudantes e pesquisadores, com relação à relevância das brincadeiras durante a primeira infância. Isso porque, atualmente, a educação infantil tem acelerado a alfabetização cada vez mais e, com isso, as crianças estão deixando de brincar", afirma.

Essa prática, "comum na sociedade capitalista", como classifica a coordenadora, tem gerado crianças com dificuldades de motricidade e movimentação. Além disso, tem resultado em prejuízos na fantasia e imaginação infantil. Tudo porque, "a sociedade hoje associa as brincadeiras como um ócio, que pode prejudicar o aprendizado das crianças. Com isso, elas são ‘entulhadas’ de coisas pra fazer e as brincadeiras são excluídas do crescimento, resultando em sérios danos à formação dessas crianças como cidadãs", argumenta Cinthia Ariosi.

 

Direito de brincar

De acordo com a vice-coordenadora da ação, professora Janaina Pereira Duarte Bezerra, esse entendimento propagado pela sociedade "tem feito os professores e educadores reféns", pois são obrigados a promover a alfabetização prematura das crianças, "quando na realidade elas precisam apenas de brincar".

Até por isso, um dos focos principais do congresso é propagar o direito de brincar durante a primeira infância não apenas entre os professores que já estão inseridos no sistema, mas entre os estudantes. "O professor é cobrado pelas escolas, pais e sociedade para fazer a alfabetização precoce das crianças e apresentar resultados com isso. Então, nossa expectativa é criar um movimento em favor das brincadeiras entre profissionais e alunos", ressalta.

 

Estudantes e profissionais

No que depender do público, a proposta do congresso deve ser bem recebida e adotada em sala de aula. Pelo menos é que o relata a professora do ensino fundamental de Indiana, Edna Guedes Nakashima, 41 anos. "Meu interesse é conhecer mais sobre a educação infantil, sobretudo acerca dessa proposta sobre o direito do brincar, a fim de aplicar em sala de aula", afirma.

Mesma opinião da aluna do curso de Pedagogia da FCT/Unesp, Caroline Santana Allegretti, 28 anos, que admite que se enquadra entre os estudantes que entrarão no mercado de trabalho trazendo esse novo entendimento. "Espero aprofundar meus conhecimentos para quando eu for exercer minha profissão em sala de aula", garante a estudante.

 

Programação

A abertura oficial do evento foi realizada na noite de ontem, com a palestra da psicóloga Sirlandia Reis de Oliveira Teixeira, da Associação Brasileira de Brinquedotecas. Ainda hoje, o evento segue a partir das 8h, com um café da manhã, seguido pela mesa redonda "A brincadeira como fonte de expressão, criação e desenvolvimento", também no Centro Cultural Matarazzo. Até sexta-feira, o congresso contará ainda com a presença de diversos especialistas de renome nacional, bem como dos professores das redes municipais das cidades da região localizadas na área de abrangência do Forpedi (Fórum Regional Permanente de Educação). Também são esperados os membros do Geppi (Grupo de Estudos e Pesquisa sobre a Primeira Infância).

 
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