Comunicação de massa chega até prudentinos

Já o sistema de telefonia surge na cidade como um luxo em 1924, com a companhia de Felício Tarabay, a Telefônica Paulista

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2017
Horário 13:39

Voltando um pouco atrás, o historiador Ronaldo Macedo acentua que o momento econômico de 1939/1940 foi importante para a comunicação de massa do município, trazendo rádios, a primeira a Difusora (1940), depois a Presidente Prudente (1940/50), e mais adiante, a Comercial. Os jornais que eram mantidos por empresas, a Voz do Povo, por exemplo, eram ligados a um partido político. Então, em 1939, surge O Imparcial, já com outra tendência, que aproveitou o momento com publicações oficiais, anúncios e impera até hoje.

A Rua Tenente Nicolau Maffei era a área de lazer onde estavam muitos restaurantes, boates, cinema (Fênix e João Gomes), o coreto que a banda tocava e os hotéis, porque ali era próximo da estação. A vida noturna girava ali. Era onde tinha o “footing”, que era a grande diversão dos jovens que paqueravam, namoravam ao som de um sistema de autofalantes, antes do rádio chegar, de onde saíram muitos casamentos. “As rádios trouxeram os shows de auditório com grandes artistas. Então, o local era uma área de muita movimentação, como é até hoje, com um objetivo diferente, com o calçadão”, salienta Ronaldo.

 

Telefone valia ouro!

De acordo com Ronaldo, a telefonia chega como um luxo em 1924, com a companhia de Felício Tarabay, a Telefônica Paulista. “A cidade era minúscula, dava um grito no começo, lá no final já ouvia, então, para que pagar um telefone? A companhia comportava até 90 assinantes, mas tinha apenas dez”, diz o historiador.

Receber um telefone era como ganhar um prêmio. Mas, isso vai crescendo, por volta de 1940, e começa-se a fazer interurbanos. A rigor, eram várias empresas pelo Estado, que conversavam entre si, porque o domínio de uma esbarrava na outra. Então, para fazer um interurbano, passava de uma para outra, levando de 4 a 5 horas, ou até o dia seguinte, para a ligação chegar ao destino. Até que, nos anos 60, vem a Telesp e a CTB, que vão se unir, a ligação é via telefonista, fazia todo trajeto para as redes até chegar a São Paulo, Rio de Janeiro, etc. Vem a telefonia móvel, muito ruim neste primeiro momento. Depois, nos anos 90, vem a privatização, quando tudo foi vendido. O que mudou? “O acesso ao telefone, que era um investimento. Escritórios o alugavam. Tinha gente que vendia carro e comprava cinco, seis aparelhos, para alugar. Mas, com a privatização, isso acaba. Hoje se tem acesso maior, e telefone fixo é como decoração, uma peça de museu que foi substituída pelo celular e a internet, que conecta todo o mundo”, destaca.

 

Voz e imagem

Televisão, o encantamento do rádio, agora com imagem. Ela chega nos anos 1960, com Michel Buchala, que assumiu o compromisso de trazer o sinal via Paraná TV Coroados, ruim, porque triangulava Paraná/Prudente, até São Paulo. Aí começa a cobrança, e no final do mandato de Watal Ishibashi, foi criado o Setepp (Serviço de Televisão de Presidente Prudente). A ideia era captar imagens para a Copa do Mundo de 70, que era a grande cobrança da população, uma boa recepção para assistir ao maior evento esportivo.

“E Michel foi malhado, crucificado, coitado, porque o sinal ainda era ruim. A ideia dele, que era um cara arrojado, era muito legal. Ele falava o seguinte: vamos fazer um consórcio com as lojas que vendem televisão e, com isso, arrecadamos e compramos equipamentos”, conta Ronaldo. As lojas não aceitaram. “O tal do ranço do comércio, que não queria isso, que levou uns tapas quando vieram as grandes redes, o comércio dos shoppings quase acabou com boa parte. Então, percebemos que é uma coisa que vem lá de trás amarrando as outras. Hoje não é tanto assim, mas já foi”, garante o historiador.

Não conseguindo isso, eles compram equipamentos. A Record de São Paulo, por exemplo, mudava o equipamento dela e já não batia mais com o daqui, chovia, caía a torre, aí crucificavam Buchala, sem saber o que estava acontecendo, o cara que batalhou tanto por isso.

O problema vai se arrastando, até que nos anos 80, as grandes redes vão chegando por aqui: as primeiras, Tupi e Record, SBT, Cultura, Manchete, a Globo que fica fixa por aqui, assim como a Bandeirantes. A ideia de se criar um canal local, de Paulo Constantino, um grupo se formou e criou uma concessão que depois a Bandeirantes assumiu. “Aí tem também a negociação do Paulo Lima com a Manchete e é criada a TV Pontal Paulista. Mas, quando se fala em Manchete, a negociação foi com a Globo, TV Fronteira. E tem a TV Uno, ligada à universidade, com a Futura”, acrescenta o historiador.

 

Agilidade na comunicação

O rádio perdeu o espaço de auditório, de outros tipos de programas que a TV absorveu, mas continua na sua função, é dinâmico, rápido. Diferente do que muitos acreditaram, que a internet acabaria com ele, ela abriu foi portas. “O rádio ferve. Para mim é um dos maiores veículos de comunicação. O rei do universo de comunicação. Falando dos três primeiros veículos de comunicação de massa. O jornal teve muito problema, porque quem lia jornal? Quem sabia ler. E a maioria era analfabeta”, diz Ronaldo. Depois isso mudou. “O rádio entrava nas casas, mas também, em um primeiro momento, teve o problema do preço dos receptores, assim como a TV, por isso, a ideia dos consórcios, que não deu certo. E, de repente, os três estão juntos, e a internet abraçando todos, dominando a comunicação”, destaca Ronaldo.

Ao longo do tempo foi melhorando com pequenos jornais locais, nenhuma programação específica. E quando chega o satélite, no fim dos anos 80, início dos anos 90, a situação melhora. Mas, tem uma iniciativa brasileira que é pioneira em Prudente, a TV a cabo, que tinha uma produção independente. Contudo, depois, a TV por assinatura acabou com tudo.

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