Com a proximidade do final do ano, a situação financeira vai começando a ficar mais apertada, uma vez que começam os preparativos para as festas, as pessoas se empolgam na compra de presentes para a família... E como se não bastasse, o início do ano seguinte vem acompanhado das primeiras despesas que o brasileiro não se acostuma nunca, como IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), aquisição do material escolar para os filhos, etc.
Mais uma vez, o professor de Economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo), Alexandre Godinho Bertoncello, exalta que, na verdade, para encerrar o ano no azul e começar o seguinte desafogado, existe todo um processo. Segundo ele, durante todo o ano as pessoas deveriam estar com o olho nas despesas e nas receitas. “Existem duas formas, ou ganhar mais dinheiro aumentando a receita, tendo uma extra, ou diminuindo. E tem um lado bom, o fato do 13º dar uma segunda chance para que você consiga terminar o ano no azul. Então, mesmo que tenha tido algum problema no decorrer de 2023, a nossa última chance chama-se 13º e deve ser bem aproveitado”, acentua o especialista.
Para ter certeza das prioridades, Alexandre frisa que o primeiro passo é entender que aquelas despesas que são chamadas de correntes, aquelas que acontecem todos os dias na sua casa, estas devem ser priorizadas. “A água, a luz, em alguns casos o aluguel, acontecem todos os meses, principalmente a nossa alimentação. Se alimentar bem significa ter uma boa saúde, e evitar outros gastos também. Essas prioridades devem estar no número um da sua visão. Depois vamos colocar lazer, cultura e em terceiro lugar, pensar no investimento lá no futuro”, complementa.
O grande problema, segundo o economista, é que junto com o 13º vem o Natal, uma festa familiar que tem como principal objetivo unir pessoas, onde a tradição é dar presentes. E é aí que vem a questão. O quanto eu devo gastar do meu salário, do meu 13º? Ele menciona que têm pessoas que se endividam o ano todo por causa dos gastos do Natal. E aí, ao invés de ser uma lembrança positiva, passa a ser negativa.
Primeiro ele diz que é preciso entender que é muito importante estar em família e pequenos gastos são necessários, porque são “investimentos emocionais” para trazer um ano melhor, ter boas lembranças. “Mas isso não deve, de maneira nenhuma, colocar sua conta no vermelho o ano todo. Por isso, faço uma regra, olha, um terço do meu 13º deve ser para presentes e festas de final de ano. Mais do que isso, eu estou exagerando”, acentua o professor.
Alexandre salienta que existem outros dois terços, sendo que um, com certeza, são as despesas de começo de ano que estarão ali e a pessoa não tem como fugir: para quem tem filhos são os gastos com o material escolar, para aqueles que têm um carro ou uma moto o IPVA, agora o DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres) voltou para quem tem motocicleta, ou o IPTU, para aqueles que têm imóveis. “Porque o que acontece, o IPTU, se o contribuinte paga antes, acaba tendo um desconto, isso acontece com todas as outras despesas: com o dinheiro na mão, você negocia certo e gasta menos”, frisa.
Naturalmente, o professor Alexandre destaca que é preciso entender que algumas coisas merecem uma atenção maior, entre elas, o seu nome. “Olha que interessante, a primeira coisa que a gente recebe quando a gente nasce é o nome e tem muita gente que anda com o nome sujo justamente porque não consegue lidar com o seu dia a dia”, aponta o economista.
Então, para aqueles que são endividados, aqueles que grande parte da sua renda está destinada a pagar coisas que ele já consumiu. Ou inadimplente, que é ainda pior, aquele que não consegue nem pagar as cotas daquilo que ele já consumiu é muito melhor que utilize aquele um terço do décimo terceiro para pagar as dívidas se for o caso. Mas o melhor é que ele sirva para investir.
Alexandre explica que o investimento significa privar-se de algum consumo imediato, mas dá a você uma segurança de futuro. A lógica que todas as pessoas deveriam ter é: “Primeiro, se eu compro uma coisa a prazo, estou vendendo meu futuro. A minha capacidade de poupar ou de renda, ela é vendida antes de ela crescer. Quando eu invisto estou comprando o meu futuro, o que significa, lá na frente não precisarei trabalhar tanto para ter a mesma renda. É muito melhor pensar no futuro do que vender o futuro”, garante o economista.
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Economista diz que têm pessoas que se endividam o ano todo por causa dos gastos do Natal