Apesar de fazer parte da vida de todas as pessoas, o luto pode ser um processo longo e desgastante para muitos. Há quem prefira adiar ao máximo o sofrimento, enquanto outros podem buscar pelo isolamento total. Mas, como passar por esta fase e seguir adiante? A psicóloga do Grupo Athia, Claudia Molina, tira as principais dúvidas e explica sobre a importância do suporte profissional e de grupos de apoio como forma de fortalecimento.
No próximo dia 5, a profissional iniciará encontros semanais com grupos de pessoas enlutadas por meio do Projeto “Ressignificando Vidas”, totalmente gratuito aos beneficiários do Grupo Athia. O objetivo é proporcionar acolhimento, suporte psicológico e orientações, além de espaço para compartilhar sentimentos e ouvir histórias em busca da superação da dor.
A seguir, a psicóloga Cláudia Molina explica sobre as fases do luto e como transformar a experiência em um novo jeito de viver.
Como lidar com o luto?
O luto é um processo lento e doloroso. Para lidar com o luto é importante entrar em contato com a tristeza, poder expressar as emoções e reestruturar a rotina de vida.
Quais os diferentes tipos de luto?
Existem duas formas de vivência do luto: uma considerada o luto normal, que envolve desânimo profundamente penoso, perda da capacidade de amar, perda de interesse pelo mundo externo.
E o luto patológico ou melancolia, que se apresenta com os mesmos sintomas, com o acréscimo da perda da autoestima.
O luto tem um prazo determinado ou pode durar a vida toda? Há fases?
O luto normal dura aproximadamente um ano, considerando o luto normal. Consideramos, segundo o modelo de Elisabeth Kubler –Ross, as seguintes fases: negação; raiva, negociação; depressão; e aceitação.
Há quem prefira adiar ao máximo o sofrimento, evitando lembranças. Isso é perigoso para a saúde mental?
Um afastamento das lembranças nas primeiras semanas do luto faz parte do processo, porém, a aproximação da realidade, de sentir a tristeza e se dar conta da ausência é fundamental para que a dor possa passar e se transformar.
O processo de luto pode desencadear depressão? Como evitar?
Se o luto não for enfrentado, pode desencadear a melancolia, impedindo a pessoa enlutada de reconstruir a sua vida, considerando a ausência do ente querido. Emergem sentimentos de tristeza profunda, insegurança diante da vida, culpa, autorrecriminação. Assim, tornando a vida infeliz e disfuncional.
Qual o sinal de alerta e quando procurar ajuda?
O luto é um processo natural da vida, porém, o suporte terapêutico para a reestruturação emocional diante de uma perda é fundamental. É importante buscar ajuda psicoterapêutica quando há dificuldade para retomar as atividades convencionais da vida; desinteresse em estar com pessoas; sentimento de desesperança e culpabilização.
Qual a importância de procurar ajuda por grupos de apoio ou ajuda psicológica?
Os grupos terapêuticos proporcionam experiências de suporte emocional, auxiliam no processo de elaboração do luto através de atividades vitalizadoras. Proporcionam experiências emocionais ricas que potencializam a transformação da dor em uma nova rotina, um novo jeito de viver.
Como um familiar ou amigo pode ajudar o enlutado que se isolou após a perda de um ente, e o que deve evitar quando for auxiliar?
É importante estar junto com esta pessoa e orientá-la a procurar ajuda terapêutica. Também é necessário uma escuta acolhedora e disponível. Não fazer tantas perguntas, deixar a pessoa livre para falar daquilo que é possível no momento.
SERVIÇO
Gratuito aos beneficiários do Grupo Athia, o Projeto “Ressignificando Vidas” contará com encontros às terças-feiras, a partir das 14h, no CCA (Centro de Convivência Athia). Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone: (18) 2101 5555.
Foto: Cedida
Cláudia explica sobre as fases do luto e como transformar a experiência em um novo jeito de viver