Como a espiritualidade pode ajudar no controle da hipertensão  

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr.

Data 26/02/2025
Horário 05:00

A medicina avança, os remédios evoluem, as diretrizes mudam. Mas a hipertensão continua sendo um dos maiores desafios da saúde global. A pressão alta sobrecarrega o coração e silenciosamente ameaça o corpo, não se comportando apenas como um aumento do risco cardiovascular. É também um reflexo da vida que levamos.   
Diante de um mundo onde o estresse se tornou rotina, onde a ansiedade é alimentada pelo ritmo acelerado e onde os momentos de silêncio são cada vez mais raros, surge uma pergunta inevitável: será que estamos tratando a hipertensão apenas na superfície?
A ciência vem mostrando que, além dos medicamentos, da alimentação equilibrada e dos exercícios físicos, existe um fator muitas vezes negligenciado na saúde cardiovascular: a espiritualidade. Mas o que isso significa na prática?  
Antes de tudo, é preciso entender do que estamos falando. Espiritualidade não é religião. Enquanto a religiosidade está ligada a crenças, rituais e instituições, a espiritualidade é mais ampla: envolve o sentido da vida, a conexão com algo maior e os valores que norteiam nossas decisões.  
A hipertensão arterial não é apenas um problema físico. Ela reflete o ambiente em que vivemos e as emoções que carregamos. O estresse crônico, a ansiedade, a falta de pertencimento e a sensação de vazio existencial ativam o sistema nervoso simpático, liberam hormônios como o cortisol e adrenalina e elevam a pressão arterial.  
Agora, imagine um corpo que vive nesse estado de alerta constantemente. Os vasos sanguíneos se contraem, o coração bate mais rápido, a pressão sobe. Sem um momento de pausa, sem um espaço para o silêncio e o equilíbrio, o organismo se exaure.  
A espiritualidade, ao contrário do que muitos pensam, não age no campo abstrato. Ela atua diretamente na fisiologia. Estudos mostram que pessoas que cultivam práticas espirituais, sejam elas oração, meditação ou rituais de gratidão, apresentam:  
. Menor ativação do sistema de estresse, com redução dos níveis de cortisol.  
. Melhoria na variabilidade da frequência cardíaca, um marcador de saúde cardiovascular.  
. Maior adesão ao tratamento, pois enxergam o cuidado com o corpo como parte de um propósito maior.  
. Menos inflamação sistêmica, um fator-chave na progressão da hipertensão e outras doenças cardiovasculares.  
Além disso, a espiritualidade promove algo fundamental para a longevidade: o suporte social. Participar de uma comunidade, seja religiosa ou não, reduz o isolamento e fortalece o senso de pertencimento. E quem se sente amparado tem menos risco de doenças cardíacas.  
A medicina moderna avança, mas talvez um dos melhores tratamentos para a hipertensão já esteja conosco há séculos: o equilíbrio entre mente, corpo e espírito.  
Seja através da fé, da conexão com a natureza, da meditação ou da prática da gratidão, encontrar significado na vida pode ser tão poderoso quanto qualquer prescrição médica.  
No fim, o coração não responde apenas ao que comemos ou ao que exercitamos, mas também ao que sentimos, pensamos e acreditamos. E talvez seja hora de olharmos para isso com mais atenção.

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