Combate a aids requer uma nova revolução sexual

EDITORIAL -

Data 19/09/2018
Horário 04:00

É preciso reconhecer, estamos falhando! Os números são claros, não está funcionando! Presidente Prudente contabilizou, entre janeiro e agosto deste ano, 64 casos de aids - um aumento de 45,45% com relação a 2017 - e 117 casos de sífilis - elevação de 32,95%, conforme dados do Programa DST/Aids. Os anos passam, as campanhas se multiplicam, mas os números são implacáveis e continuam a crescer. E não vão parar! Não enquanto não reconhecermos que nossas políticas de prevenção, orientação e conscientização são frágeis, quiçá inúteis, e que não oferecem uma solução efetiva para o problema. A aids transmitida pela via sexual é uma doença propagada pelo comportamento promíscuo e, enquanto assim não for de fato combatida, não vai ceder as investidas contra ela.

A descoberta da Sida (Síndrome da imunodeficiência adquirida), conhecida como aids, se confunde com um período muito característico da história da humanidade, sobretudo a ocidental. A doença foi reconhecida pela primeira vez em 1981, pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos. Curioso é que, antes disso, ao longo das duas décadas anteriores se propagou uma nova perspectiva social chamada de revolução sexual ou liberação sexual, que veio para desafiar os comportamentos tradicionais relacionados à sexualidade e aos relacionamentos interpessoais. Neste período houve maior aceitação do sexo fora das relações heterossexuais e monogâmicas. E então, “bum”, a aids.

A grande questão é que temos a tendência de acreditar, que pelo fato de as coisas estarem estabelecidas, convencionadas, elas sempre existiram. É assim com a cultura, com as instituições, com os costumes, valores. Mas não, nem sempre. Há coisas que são estabelecidas e passadas de geração em geração, mas que não necessariamente são boas e deveriam permanecer. E a revolução, ou liberação sexual, é uma delas.

Nossos pais, avós, erraram, e essa geração não pode continuar errando, antes pode redimir e fazer tudo diferente. Tem dado certo em Uganda! Uma estratégia tida como moralista, que defende a abstinência sexual a solteiros, a fidelidade a casados e, apenas em último caso, a camisinha a quem não se encaixar nos dois primeiros itens, tem reduzido drasticamente a incidência da doença. Pagamos hoje pelos erros das gerações anteriores, mas os que virão não precisam pagar pelos nossos! Façamos tudo diferente e deixemos um legado de vida e não de morte!

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