Com queda de 12% no  Brasil, emissões de gases de efeito estufa ficam 3,44% mais altas em Prudente

Presidente Prudente emitiu, em 2023, 629.340 toneladas de GtCO2e (gás carbônico equivalente), segundo dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) do OC (Observatório do Clima), lançados recentemente. O número é 3,44% maior que as 608.370 toneladas contabilizadas em 2022, e vai contra o cenário nacional, já que, no Brasil, na mesma comparação entre os anos, houve uma redução de 12% nas emissões, que passaram de 2,6 para 2,3 bilhões de toneladas de GtCO2e, a maior queda percentual desde 2009, quando o país registrou o menor envio de poluentes da série histórica, iniciada em 1990.

O especialista em Agrometeorologia e Climatologia, Alexandrius de Moraes Barbosa, responsável pelo Unoeste Clima - Centro de Monitoramento e Estudos Climáticos e Previsão do Tempo, em Prudente, aponta que a elevação da emissão de GtCO2e na maior cidade da região deve-se a dois fatores: o aumento da frota de veículos - de outubro de 2023 a outubro de 2024 houve crescimento de 2,3% na quantidade total de veículos e de 1,4% no número de automóveis; além das queimadas - em 2024 houve maior número de queimadas na região do que em 2023 devido ao inverno mais seco do que a normalidade.

“As queimadas certamente tiveram maior participação nesse aumento. Pois, os novos carros estão sendo mais eficientes quanto a emissão de CO2 na atmosfera, tanto por parte de motores mais eficientes, quanto por parte de mais carros híbridos e elétricos”, comenta Alexandrius.

“Se as chuvas de outono/inverno ficarem dentro da normalidade, a tendência é de que os dados da região acompanhem o cenário nacional”, prevê o especialista em Agrometeorologia e Climatologia.

Brasil descarbonizado

Desde 2013, o Observatório do Clima, a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 119 integrantes, entre ONGs (organizações não governamentais) ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais, publica o SEEG. A entidade afirma que tem como objetivo ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. 

“O SEEG é a principal plataforma de monitoramento de emissões de gases de efeito estufa na América Latina e uma das maiores bases de dados nacionais de emissões do mundo. Ele fornece estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa no Brasil para todos os setores da economia, numa plataforma online de fácil acesso com dados que vêm desde 1970, além de análises e soluções para tomadores de decisão”, declara a entidade, cujos dados visam informar as políticas públicas de mitigação, bem como dar transparência à sociedade sobre as trajetórias de redução de emissões do país.

O SEEG estima emissões nos cinco setores que são fontes de gases de efeito estufa no Brasil – agropecuária, energia, mudanças de uso da terra, processos industriais e resíduos – com o mesmo grau de detalhamento contido nos inventários de emissões. Também são alocadas as emissões para as 27 unidades da Federação e para todos os mais de 5 mil municípios do país. 

Os gases de efeito estufa considerados no levantamento são os contidos no inventário nacional, como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e os hidrofluorcarbonos  (HFCs), e os dados são apresentados também em gás carbônico equivalente (CO2e), tanto na métrica GWP (potencial de aquecimento global) como GTP (potencial de mudança de temperatura global) e segundo os fatores de conversão estabelecidos no 2º, 4º e 5º relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), grupo de cientistas das Nações Unidas que monitora e assessora a ciência global sobre mudanças climáticas.

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Especialista em Agrometeorologia e Climatologia, Alexandrius de Moraes Barbosa