Entre 2002 e 2023, 36 ataques a escolas ocorreram no Brasil, os quais resultaram em 164 vítimas, sendo 49 casos fatais e 115 pessoas feridas, de acordo com levantamento realizado pelo Grupo de Trabalho de Especialistas em Violências nas Escolas, do Ministério da Educação. Segundo o promotor de Justiça da Infância e Juventude de Presidente Prudente, Marcos Akira Mizusaki, em todos esses casos, os autores foram vítimas de bullying antes do cometimento dos crimes. A fim de levar o tema para discussão entre os estudantes da capital do oeste paulista e reforçar ações preventivas com o envolvimento destes jovens, o grupo de trabalho presidido pelo promotor lançou oficialmente, nesta quinta-feira, o Concurso de Vídeo Educativo Contra a Prática do Bullying nas Escolas Públicas e Privadas, com o tema “Todos Contra o Bullying”. O regulamento pode ser consultado em QR Code disponível em imagem desta matéria.
O ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo, que tem como objetivo intimidar ou agredir alguém, ou seja, o bullying, deverá ser o tema principal dos vídeos concorrentes. Para participar, os alunos das séries a partir do 6º ano do ensino fundamental devem procurar a direção de sua escola, a qual deverá proceder com a inscrição, que foi aberta nesta quinta-feira e segue até 14 de abril. “A gente vem fazendo um trabalho preventivo referente ao bullying. E, para tal, não tem como a gente envolver só o professor, a gente tem que envolver os alunos também, para eles participarem e eles mesmos discutirem a problemática do bullying”, explica o promotor.
No concurso, lançado em evento no anfiteatro da Diretoria Regional de Ensino, cada escola inscrita deverá fazer sua própria disputa interna entre seus estudantes interessados, promovendo a classificação e premiação dos três primeiros colocados, até o dia 2 de junho, quando os dados e vídeos dos selecionados deverão enviados para o grupo gestor. “Todos os primeiros colocados de cada escola inscrita estarão automaticamente classificados para a final, para a qual serão selecionados três vídeos para concorrerem no dia 27 de junho, na Fundação Inova Prudente, às 9 h”, expõe o regulamento.
O vídeo vencedor será escolhido através de votação feita por uma comissão formada por quatro representantes da Prefeitura, um da Polícia Civil, um da Polícia Militar, e um último do Conselho Tutelar. A premiação final será definida até o dia 30 de maio e dependerá de recursos financeiros de colaboradores da iniciativa privada do município. Do valor a ser arrecadado, 50% serão para os alunos vencedores; 30% para os professores orientadores; e 20% para as escolas participantes.
Ao término do concurso, os vídeos terão seus direitos autorais compartilhados com o Poder Executivo e com a Secretaria Estadual de Educação. Ambos poderão utilizar os materiais para a criação de peças publicitárias e marketing, em qualquer tipo de mídia, inclusive impressa para fins de divulgação dos vídeos e materiais.
Presidente do grupo de trabalho, formado, além da Promotoria, pelas secretarias municipais de Educação e de Mobilidade Urbana, Polícias Civil e Militar, Diretoria Regional de Ensino, Poder Judiciário e Conselhos Tutelares I e II, Marcos Akira conta que a união de forças se deu em 2023, quando, após ataques a escolas em diversas partes do país, boatos de que possíveis ações semelhantes seriam realizadas em unidades educativas de Prudente tomaram conta das redes sociais.
“Nós começamos em 2023, por conta da onda de ocorrências de ataques que teve em Prudente, que levou vários pais a não encaminhar seus filhos para a escola. Então, nos gerou uma preocupação muito grande. E, naquela época, nós nos unimos para fazer um trabalho preventivo para que nada ocorresse e para dar mais segurança às escolas, dar mais tranquilidade aos pais”, detalha o promotor.
Embora as ocorrências do tipo tenham praticamente zerado, o grupo tem se fortificado e, a cada ano, desenvolve novos trabalhos focados em um tema central, tendo o bullying como o escolhido para 2025.
“Toda semana eu recebo ocorrências de bullying. Então, espero ano que vem chegar em nosso outro evento e mostrar uma estatística: olha, era tanto e caiu para tanto. A gente espera que daqui um ano a gente mostre o resultado deste trabalho”, comenta o promotor, que integra o Geduc (Grupo Especial de Educação).
“Nós temos três leis no Brasil que regulamentam, que fomentam o trabalho preventivo. Cada R$ 1 que você investe em prevenção, você economiza R$ 4. Isso é a estatística em qualquer área, em qualquer setor. E a prevenção no bullying, ela se revela muito eficaz, porque você reduz não só a questão do ataque, mas todos os outros setores. Você reduz suicídio, agressões, problemas em casa, reduz tudo. Então, é uma fonte de situações negativas na vida de uma criança, de um adolescente, que, a gente contendo lá atrás, a gente pode diminuir muito”, promove Marcos.
“É importante os estudantes debaterem que isso existe, para se conhecerem. Porque não tem bullying sem plateia. O bullying só existe quando tem plateia, quando alguém dá risada, quanto aderem, entendeu? Então, isso a gente quer coibir, que o aluno tenha um alcance disso, porque eles não têm”, esclarece o promotor. “Eles acham engraçado, vão dar risada, formam grupos, começam se destacar, começam desse tipo de atitude, em detrimento da moral de outro, em detrimento, às vezes, do cabelo, da cor da pele do outro, da opção sexual do outro. Então, isso a gente quer coibir, esse malefício que acontece. Por isso, a participação deles é tão importante”, finaliza.
Divulgação
Regulamento pode ser consultado no QR Code
Mellina Dominato
Marcos Akira: participação dos jovens na discussão sobre o tema é indispensável