Nesta quarta-feira, a Copa América do coletivo FutGirls chega a sua decisão. Por volta das 21h, em um dos campos do Futebol Arte 2 (antigo Planeta Gol), Uruguai e Estados Unidos decidem quem levanta a taça do primeiro certame formado pela turma de 40 mulheres, que, há dois anos, reúne-se toda quarta-feira para poder desfrutar do futebol e do laço de amizade construído através do esporte bretão.
A reportagem de O Imparcial trocou uma ideia com Damaris Lage, organizadora do campeonato e fundadora do FutGirls. Ela conta que a ideia de realizar a competição entre as mulheres tem a finalidade de estreitar as relações sociais ali construídas. “Todas têm a ciência que somos um time só”, pontua.
A Copa América da FutGirls começou no dia 2 outubro. As 40 mulheres que fazem parte da equipe foram divididas em cinco times: Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia e Estados Unidos. Na primeira fase, as cinco equipes se enfrentaram entre si em jogos de dois tempos de 20 minutos. As quatro melhores avançaram para a semifinal: Colômbia (1º), Uruguai (2º), Brasil (3º) e Estados Unidos (4º). Os jogos das semis foram disputados na semana passada e a resolução se deu da maneira mais emocionante possível: nos pênaltis.
Nesta quarta, as mulheres representando Brasil e Colômbia vão a campo primeiro, às 20h, para a decisão de terceiro lugar. Por volta das 21h, a bola rola para Uruguai e Estados Unidos na finalíssima do campeonato do FutGirls.
No Brasil, as mulheres foram impedidas de jogar futebol até o final da década de 70, por meio do Decreto-Lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, instituído durante a Era Vargas. O artigo 54 estabelecia que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Sustentada por um bom tempo pela visão conservadora do estado brasileiro, a estrutura patriarcal em torno do esporte disseminou a ideia que o esporte bretão é coisa de macho. Marta, Formiga, as Brabas do Corinthians, entre outras mulheres, remaram e têm remado contra a maré machista predominante no futebol nacional. Em 2027, o país será palco da Copa do Mundo Feminina.
Questionada sobre o contexto histórico da participação da mulher no futebol, Damaris relata o seguinte: “Olha, fácil não é para nós mulheres. Trabalhamos fora ou no serviço de casa, temos filhos e ainda ter tempo pra ir ao campo e isso por amor ao futebol, todas ali amam o esporte. Tem meninas ali que jogam muito, e no FutGirls nossa finalidade é passar o tempo, se divertir em campo, fazer nossos churrasquinho...”, conta a organizadora.
Em sua conclusão, Damaris elenca o potencial das mulheres que por aqui jogam e projeta que a cidade teria um forte time de base para se lançar nas competições, porém ainda falta reconhecimento. “Eu vejo o crescimento do futebol feminino e aqui em Presidente Prudente tem muitas meninas que jogam muito, que com certeza daria um time de base, mas ainda falta muito olhar para nós mulheres nesse ramo”, finaliza a líder do FutGirls.