Entender o funcionamento do colesterol é uma das formas de prevenir uma doença crônica. Segundo o endocrinologista André Câmara, o colesterol é um conjunto de gorduras (lipídios) que é transportado pelo sangue e tem diversos papéis na estrutura celular e tecidos, além de compor os ácidos biliares que são cruciais para a digestão e na composição de vitaminas, como por exemplo vitamina D e também hormônios, como testosterona.
O colesterol passa a ser um problema quando existe o excesso da partícula LDL-colesterol, conhecida popularmente como “colesterol ruim”. “Os tipos mais conhecidos de colesterol são o LDL (colesterol ruim) e o HDL (colesterol bom). O LDL leva as gorduras do fígado para áreas periféricas do organismo e em excesso pode se depositar nas artérias, podendo levar à aterosclerose. “O HDL traz as gorduras da periferia de volta para o fígado metabolizar”, explica o especialista.
O médico alerta que, na grande maioria das vezes, as pessoas que estão com o colesterol elevado são assintomáticas e descobrem somente por exames de rotina. “A importância do diagnóstico consiste em poder tratar a hipercolesterolemia mais precocemente, e assim prevenir doenças cardiovasculares principalmente. O tratamento é de acordo com a estratificação do risco [onde precisamos calcular para cada paciente de acordo com alguns dados]. E no geral, prescrevemos um ou mais medicamentos que reduzem o LDL, além de orientar mudanças na dieta e incentivar a pratica de exercícios físicos”.
O endocrinologista explica ainda que, algumas das complicações mais frequentes, consequência do colesterol elevado, são as doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e doença arterial obliterante periférica.
Segundo dados do Ministério da Saúde, as doenças vasculares são a primeira causa de mortalidade no Brasil, com mais de 350 mil óbitos ao ano, média aproximada de 210 mil mortes anuais. E 14% da população brasileira (acima de 18 anos) relataram o diagnóstico de colesterol elevado, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019).
A alimentação pode ser uma aliada ou uma inimiga no controle do colesterol. Segundo André Câmara, o consumo excessivo de gorduras saturadas (gordura animal, carne vermelha gorda, manteiga, nata, queijos, creme de leite, banha de porco, torresmo, linguiça, salsichão, gema de ovo), de gorduras trans (salgadinhos, chocolates, sorvetes, biscoitos, margarinas, massas instantâneas, bolos prontos, pipoca de micro-ondas, ultraprocessados, entre outros), podem elevar o nível do colesterol.
“Lembrando que alterações do colesterol tem influência genética, portanto, mesmo tendo alimentação adequada alguns pacientes podem ter colesterol LDL elevado”.
Para equilibrar e manter o colesterol e a saúde em dia, o médico recomenda aumentar o consumo de fibras (vegetais, folhas e verduras, frutas, grãos integrais, sementes) e aumento de consumo de gorduras insaturadas (gorduras vegetais como azeite de oliva). Além de associar a pratica de exercício físico regular.
Foto: Cedida
André Câmara: “Na grande maioria das vezes, as pessoas que estão com o colesterol elevado são assintomáticas”