O CMS (Conselho Municipal de Saúde) de Presidente Prudente elabora atualmente um ofício que trata de possíveis problemas relacionados à saúde na cidade, os quais teriam passado a existir desde que o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo implantou seu novo sistema de assistência referenciada. Segundo o presidente da entidade, Valdinei Wanderley da Silva, no documento, que será enviado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), à Secretaria de Estado da Saúde e ao MPE (Ministério Público Estadual), o conselho pede que os atendimentos a toda população sejam retomados imediatamente, inclusive dos presos que cumprem pena em unidades prisionais da região. Isso porque, desde 1º de setembro, o HR passou a priorizar os casos de média e alta complexidade, considerados graves ou gravíssimos, medida que, conforme Vanderlei, tem prejudicado a comunidade.
Valdinei da Silva diz que mudança prejudica a população
O presidente do CMS aponta que a intenção é de que o ofício seja encaminhado pela entidade ainda esta semana. "Nossa cidade não está preparada para prestar todos esses atendimentos, por isso é preciso que o HR retome os serviços como o fazia antes da mudança, urgentemente. A população está pagando um preço muito alto, por isso não concordamos com a divisão que foi feita. Não fomos consultados sobre esta mudança em nenhum momento. Somos 100% contra", afirma.
Valdinei frisa que outra alteração que não agradou o conselho está relacionada aos atendimentos aos presos, já que estes também passaram a ser atendidos na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, bem como nas unidades municipais correspondentes ao presídio que ocupam. "Somos contra essa medida. O município não tem a segurança e nem a estrutura necessária para isso. É uma bomba atômica que jogaram para nós", reclama. Em função disso, o CMS declara que quer que os detentos sejam atendidos exclusivamente pelo HR. "Se acontecer alguma coisa, vamos responsabilizar o Estado e o município", alerta.
Outro lado
Sobre as reclamações do CMS envolvendo a reorganização dos atendimentos pelo HR, o DRS (Departamento Regional de Saúde) de Prudente, por meio da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, esclarece que, o processo de referenciamento do pronto-socorro do hospital teve início há mais de um ano e meio, em tratativas com as 45 secretarias municipais de saúde da região, MPE (Ministério Público Estadual), bem como a Defensoria Pública.
Como noticiado na edição de ontem, pasta afirma que o grande fluxo de pacientes de baixa complexidade sobrecarregava o serviço, tanto na estrutura física, quanto na demanda de profissionais e a oneração do sistema de saúde. Ainda considera importante destacar que a mudança no serviço segue as diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde) e, após sucessivas reuniões com as autoridades e outras instituições envolvidas, a reorganização do atendimento foi implantada gradativamente, respeitando o prazo para que os municípios e a população se adequassem à nova realidade.
Sendo assim, desde o começo de setembro, após um período de cerca de um mês de preparação, o HR iniciou seu novo sistema de assistência referenciada. Com isso, casos simples e de baixa complexidade foram revertidos às UBSs e ESFs (Estratégias de Saúde da Família), UPAs e unidades 24 horas dos municípios, incluindo Prudente. O projeto de reorganização dos atendimentos propõe que a demanda espontânea, aquela que chega sem encaminhamento, não seja mais atendida pelo hospital, já que o HR foca agora no serviço aos pacientes levados por equipes de emergência.
De acordo com o DRS, desde então, quando um paciente chega à unidade de maneira espontânea, ele passa pelo serviço de triagem, composto por médicos e enfermeiros. Identificado risco, a pessoa é atendida na unidade. Já casos simples de baixa complexidade são encaminhados às unidades municipais. Tal procedimento se estende para toda a população, inclusive os presos que cumprem pena em unidades prisionais da região.
A Prefeitura de Presidente Prudente foi procurada pela reportagem para comentar as reclamações do CMS que envolvem os serviços prestados nas unidades municipais de saúde, no entanto, até o fechamento desta edição, não houve resposta. A Promotoria de Justiça da Saúde também foi buscada, no entanto, o responsável pelo assunto não foi localizado.