Ciclo vicioso das dívidas

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 19/01/2025
Horário 05:03

Empresas que entram em um ciclo de endividamento excessivo frequentemente enfrentam um cenário desafiador, onde a sustentabilidade financeira se torna uma meta quase inalcançável. Inspirado nos ensinamentos de Cláudio Galeazzi em seu livro Sem Cortes, é essencial compreender os erros mais comuns que levam ao agravamento das dívidas e como evitá-los.

Quando uma empresa começa a se endividar em excesso, a solução imediata parece ser o refinanciamento. No entanto, essa prática pode criar um ciclo vicioso, onde novos financiamentos apenas prolongam o problema. Sem a coragem de vender ativos ou buscar outros recursos externos (como investidores), o custo dos juros muitas vezes supera qualquer capacidade de geração de receita.

Um conceito crítico na contabilidade é o "patrimônio líquido descoberto", que ocorre quando as dívidas superam o valor total dos ativos da empresa. Esse cenário é um sinal claro de alerta para a iminência de um processo de recuperação judicial ou, pior, o encerramento definitivo das atividades. Evitar esse ponto de ruptura é essencial.

O primeiro passo é apurar o lucro real da empresa, ou seja, o resultado operacional antes de considerar as despesas financeiras. Esse montante é um indicador vital para renegociações, pois define a capacidade de pagamento com recursos próprios. Contudo, em situações em que o lucro é insuficiente para cobrir os parcelamentos das dívidas, é necessário recorrer a medidas mais drásticas, como a venda de ativos não essenciais ou a entrada de investidores.

Relutar em tomar essas decisões é um erro fatal. Prolongar a situação de endividamento apenas aumenta a pressão dos juros, drenando os recursos que poderiam ser utilizados para reverter o quadro. Empresas que hesitam em vender ativos ou buscar novos aportes acabam comprometendo ainda mais seu futuro.

A mensagem central é que empresas precisam gerar lucro de forma consistente e priorizar sua aplicação para renegociar dívidas. Quando isso não for suficiente, o uso de ativos ou a captação de investidores se torna inevitável. Esse é o caminho mais eficaz para evitar que os juros consumam o que restou de positivo, garantindo que a empresa não apenas sobreviva, mas tenha chances reais de prosperar novamente.

 

 

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