Cia. Estelar de Teatro traz Frida Kahlo para Prudente

A peça já esteve na Alemanha, Itália, Chile e na própria casa que foi da pintora, o Museu Frida Kahlo, na Cidade do México; oficina, intervenção e espetáculo são realizados gratuitamente

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 21/03/2017
Horário 10:08
 

A Companhia Estelar de Teatro chega em Presidente Prudente nesta quarta-feira trazendo "Frida Kahlo - Calor e Frio" em oficina, intervenção e espetáculo. Tudo gratuitamente! No dia 22 será ministrada a "Oficina Histórias Invisíveis e Intervenção Urbana Histórias Invisíveis nas Ruas", com mulheres interessadas e atores do grupo, no Centro Cultural Matarazzo das 13h30 às 17h30. No mesmo dia, a trupe vai para mais perto ainda do público com uma intervenção urbana que discute o silenciamento da mulher e a violência de gênero, na Praça 9 de Julho das 17h30 às 18h30. E na quinta-feira (23) sobem ao palco da Área de Convivência do Sesc Thermas, às 20h.

Jornal O Imparcial Peça evoca o universo da pintora, Frida Kahlo, a partir de seu amor, liberdade e humor

De acordo com a autora do espetáculo, Viviane Dias, a peça que tem uma rica trajetória nacional e internacional, - esteve na própria casa que foi da pintora mexicana, no Museu Casa Frida Kahlo, na Cidade do México -, é parte de um amplo projeto da companhia que pensa alternativas poéticas contra o silenciamento da mulher ao longo da história.

Segundo a autora, "Frida Kahlo - Calor e Frio" é uma cartografia antropofágica unindo o México de Diego Rivera e Frida Kahlo ao Matriarcado de Pindorama de Oswald de Andrade, apresentando questões sobre a identidade latino americana e a valorização de um imaginário feminino e mestiço. É ainda uma evocação de artistas fundamentais na construção do pensamento artístico do século 20 - Eisenstein, Artaud, Maiakovski, Tina Modotti que se reuniram no México no inicio do século 20, uma história pouco conhecida da maioria dos brasileiros - para uma celebração cênica. A obra de Frida e suas reconfigurações de si mesmo através das criações artísticas e as relações com os grandes mitos do feminino, a morte e o renascimento - tão presentes na cultura ameríndia - são temas fundamentais do espetáculo.

Ela conta que o espetáculo já esteve ainda em Berlim, participou de festivais na Itália (foi a primeira peça brasileira autoral a participar do FLIPT (Festival Laboratório Intercultural de Práticas Teatrais) ligado ao ISTA (International School of Theatre Anthropology) de Eugenio Barba, e também no Chile. Além de ter cumprido várias temporadas de sucesso em São Paulo.

"A mulher foi apagada da história e nos interessa ouvir as mulheres de hoje. Mas, o legal é que os homens acabam chegando e contam histórias de suas mães, esposas... as apresentações vem sendo muito forte. Ainda ouvimos muitos relatos de violência. O que é triste. Contudo, o interessante desse compartilhamento é que as pessoas acham que o erro está nela, em sua casa, na sua família. E acabam descobrindo que trata-se de uma ferida social, que está sangrando e não é só de um ou outro. Mas, de todo mundo", destaca Viviane.

 

Terra "bárbara"


Viviane comenta que é um prazer voltar à cidade onde já esteve outras vezes. "Estive aí ministrando algumas oficinas, orientei alguns grupos pelo projeto Ademar Guerra, um deles que eu sou apaixonada é Os Bárbaros!, exclama a autora.

Viviane expõe que a companhia tem uma formação muito boa baseda nas pesquisas, nas viagens por outros países, como já estudaram, trabalharam e moraram na Itália, no México. "Temos uma residência artística muito forte. Sabe o que é melhor? Não fazemos apenas uma apresentação do espetáculo. Interagimos mais com o público, procuramos ficar íntimos da cidade. Somos uma companhia teatral, com atores e músicos. Temos a missão de irmos para a rua para entrar enm contato com esse público que ainda não vai ao teatro. A Frida tem muito a contribuir para o nosso tempo", acentua

Um livro, resultado de mestrado da Eca/Usp, intitulado "Frida Calo calor e frio um caminho para a palvra performativa", que fala da pesquisa de linguagem também será comercializado no local.

 

Sinopse da peça

A história de Frida Kahlo recriada a partir de suas obras. Através de um teatro que dialoga com as artes performativas, a música, a dança, a poesia, as artes visuais e a festa, a peça evoca o universo da pintora a partir de seu amor, liberdade, humor e potência de vida, bem como da natureza visionária do casal Diego-Frida, sonhando uma América poderosa, inspirada pela arte pré-colombiana e em apaixonado devir.

Desde a concepção do texto, uma obra aberta - que pressupõe a participação ativa da poética do público na fruição da peça - em que os elementos dramáticos misturam-se aos narrativos e líricos, à presença da dança, da música e das artes visuais e da festa na escrita de cena, buscamos um trabalho que, sem abrir mão de uma comunicação empática e direta com o público, dialogue com questões contemporâneas, tanto na forma como no conteúdo. A música ao vivo e a encenação, que coloca o público como que dentro de um cabaré, vem favorecendo uma excelente comunicação com a plateia de várias cidades brasileiras e estrangeiras, que espontaneamente escreveu vários depoimentos sobre a peça e sua repercussão na página da Estelar de Teatro.


Merecido!

Frida Kahlo-Calor e Frio foi gestado durante dois anos, por nove artistas.  Uma vez pronta e em circulação, a peça acumulou uma série de reconhecimentos ao longo de sua trajetória (além dos já citados): ganhou um Prêmio de Difusão e Circulação da USP (Universidade de São Paulo) e o Iberescena; foi convidado para ser apresentado em colóquio de artistas e pesquisadores teatrais em Berlim, no exigente centro de Estudos Teatrais de Jurij Alschitz (o AKT Zent); se apresentou em universidades (ESAY) e teatros mexicanos (Tapanco) e foi realizada até no Museu Frida Kahlo, na Cidade do México, a convite da UNAM. Foi selecionado ainda pelo Santiago OFF e se apresentou no Chile, circulou pelo Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; circulou pelo Circuito TUSP de Teatro, no interior de São Paulo; se apresentou no TUSP de São Paulo (2015), no Museu da Diversidade e Metrô República, a convite do TUSP, juntamente com intervenção urbana no Largo do Arouche. Também recebeu o Proac Circulação, em 2015. Em São Paulo, manteve temporadas lotadas, graças ao boca a boca em teatros de um circuito não comercial como o Viga, o Heleny Guariba e o Casarão do Sesc Ipiranga. Agora pretendemos,através deste projeto, levar o trabalho a novos públicos.

"Temos que salientar quão fundamental é esse apoio do Proac para as artes cênicas, principalmente para o teatro de pesquisa, artesal, fundamental", destaca a autora.

 

A Cia.

A Estelar de Teatro é uma companhia que existe desde 2006 e acumula prêmios e reconhecimentos dentro e fora do país. Além de trabalho continuado em pesquisa e criação teatral, a companhia realizou uma série de residências artísticas internacionais em teatros como o Potlach ( braço do Odin) e  o próprio Odin  Teatret , bem como apresentações de seu trabalho no Brasil e exterior. Destacam-se ainda na trajetória da Estelar influência do trabalho com o diretor e pedagogo russo Jurij Alschitz. Dentre suas tantas peças famosas: "Caim", de Viviane Dias, direção Ismar Rachmann, estreia no Sesc Consolação; apresentações em várias cidades e no Espaço Redimunho de Teatro. "Mestres do Jogo", de Viviane Dias, direção Ismar Rachmann, estreia no Sesc Consolação, e no teatro Comunne. "Alice", de Viviane Dias, direção Ismar Rachmann, em cartaz no Sesc Consolação, nos Satyros e teatro Julia Bergamn.

 

PROGRAMAÇÃO


 

Dia 22 Oficina Histórias Invisíveis e Intervenção Urbana Histórias Invisíveis nas Ruas, com mulheres interessadas e Estelar de Teatro

Local: Centro cultural Matarazzo das 13h30 das 17h30

 

Intervenção: Praça 9 de julho das 17h30 às 18h30

 

Dia 23 – "Frida Kahlo - Calor e Frio" às 20h na Área de Convivência do Sesc Thermas

Gratuito

 

Ficha técnica


Frida Kahlo- Calor e Frio

Texto: Viviane Dias

Direção: Ismar Rachmann

Direção Musical: Maurício Maas.

Com: Estelar de Teatro: Anderson Negreiro, Lucia Soledad Spívak, Ismar Rachmann, Viviane Dias, Gabriel Moreira (músico), Rodrigo Kohle (músico).

Músico convidado: Alan Gonçalves.

Figurinos: Sandra Lessa, Marcelo Denny e Hugo Cabral.

Iluminação: Carolina Pinzan

Operação de luz: Igor Bueno

Cenário: Estelar de Teatro

 
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