Os russos estão se preparando da melhor maneira possível para realizar a primeira Copa do Mundo no país. A Rússia é uma das poucas grandes nações que ainda não sediaram uma Copa. E não é por falta de vontade deles. E nem por terem procurado no passado esnobar a competição, como fizeram os ingleses, que sempre demonstravam desinteresse pela Copa. E só a venceram quando tiveram a oportunidade de sediá-la, já em 1966, na sua oitava versão. Modo geral, assim como os ingleses, os russos sempre gostaram de futebol. Mas, na contrapartida, não ganham nada. Aproveitaram-se da fase em que as Olimpíadas obrigavam apenas a inscrição de jogadores amadores e, burlando as leis com seu profissionalismo disfarçado, andaram formando boas seleções. No futebol profissional, porém, aguardam que surja a oportunidade no ano que vem. Ainda recentemente, a Rússia nos deu demonstrações da fragilidade de seu futebol quando patrocinou a Copa das Confederações. Se demonstrou que está em condições de bem realizar o certame pela qualidade de seus estádios, pelas suas vias de acesso, acomodações e quase tudo o mais, dentro do campo, onde residem as esperanças de seus torcedores, a decepção foi grande. Pretensões nunca faltaram aos russos. Lembro-me bem de 1958, quando deixaram o mundo – e o Brasil em particular – com a respiração suspensa pelas inovações que pretendiam colocar em campo quando dos jogos na Suécia. A Rússia estava em nossa chave e o que se anunciava mundo afora é que tinham descoberto em trabalho de laboratório uma maneira diferente de atuar e imbatível quando a bola rolasse. Naquele tempo ainda era a União Soviética e os craques que formariam na seleção do país vinham de alguns dos países que se abrigavam sob o guarda-chuva de Moscou. Foi só o Brasil colocar Garrincha em campo que o futebol de laboratório dos soviéticos antecipou a era do Sputinik e ganhou os espaços. Garrincha os destruiu com jogadas individuais logo nos primeiros minutos de partida e, desde então, o tal futebol que o mundo veria pela primeira vez ficou apenas nas divulgações oficiais em que os soviéticos sempre foram precursores. A Rússia tem agora nova oportunidade. Se a Copa das Confederações foi um fracasso em matéria de resultados, a Mundial poderá ser diferente. Pelo menos eles já aprenderam o suficiente para saber que futebol se ganha no campo, nas marcações, nas saídas de bola e principalmente nas finalizações. Para alcançar esses resultados deixaram de lado o futebol de laboratório. Preferiram contratar jogadores brasileiros. Esperem pelos resultados.