A SÍRIA É AQUI MESMO
Sediar a realização dos Jogos Olímpicos é o maior sonho de qualquer país que se insira no mundo civilizado onde o esporte é ponto de atração superlativa. No caso dos Jogos que o Rio de Janeiro receberá no próximo mês, existe ainda um outro argumento para aumentar a grandiosidade do feito: será a primeira vez que um país do subcontinente americano terá essa honra.
O Brasil, no entanto, por um defeito de engrenagem que mora em alguma parte de nosso cérebro e que os cientistas ainda não identificaram, deixa tudo para a última hora. É axiomático. Só o carnaval começa a se preparar para o do próximo ano quando as baterias se calam. Mesmo assim e pelo entusiasmo do brasileiro pelo esporte, até hoje realizações de grande vulto ficaram para a história do esporte como feitos memoráveis quando aqui realizadas. Assim foi com a Copa do Mundo de 1950 que por muitos anos permaneceu como aquela que mais público reuniu, conseguiu maior número de gols por partida, enfim, um sucesso.
O público brasileiro, no entanto, está ressabiado com o que houve em 2014. Não pela vergonha dos 7 a 1, que perder é do jogo, mesmo que o placar seja algo inimaginável para todo mundo. Até para os alemães. Mas, aconteceu e o tempo servirá de borracha para apagar a vergonha quando uma vitória de igual tamanho acontecer. E acontecerá.
Estamos agora vivendo às vésperas das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Nem só de medalhas se faz a grandeza esportiva de um país e isso quanto ao Brasil acontecerá 20 anos depois que o esporte for introduzido no Jardim da Infância.
De vez em quando aparecerá um Ademar Ferreira da Silva para provar que somos bons em outras modalidades e nem só de Pelé e de futebol vive o Brasil. O problema é que o país vive uma dramática situação econômica que o rebaixou nas cotações internacionais e produziu a maior safra de desempregados que já tivemos. E sem emprego não tem comida na mesa. E em casa que falta o feijão todo mundo briga e ninguém tem razão.
O Datafolha mais recente está publicando pesquisa que mostra que o brasileiro não quer olimpíada por aqui. Está ressabiado com as mentiras deslavadas proferidas na última Copa do Mundo. Onde estão os legados que o povo receberia? Nas Olimpíadas será igual. E a segurança na mesma é prioritária. Então o policiamento nacional estará se deslocando quase todo para o Rio de Janeiro. Como ficará o resto da nação? Evidente que nas mãos das quadrilhas que repetirão os 7 a 1 da Copa do Mundo e ganharão de goleada. Que cada um trate de si. É o maior temor que o próximo agosto nos promete.
Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.