SEM EDUCAÇÃO NÃO HÁ SOLUÇÃO
Existem fatos que estão aos nossos olhos e nos mostram a visão determinada do irreconciliável. Tentamos consertar o que não tem conserto e geralmente nos encontramos numa verdadeira sinuca de bico ao notarmos a placa que indica: rua sem saída. É possível encontrar no futebol a imagem para o triste momento que enluta a nação com a fase de beligerância que encontrou eco nos lastimáveis presídios brasileiros. Não adianta ficarmos na eterna pregação de que Pátria se constrói com educação e com civismo. É preciso algo mais. É preciso deixar de lado as palavras que julgamos incentivadoras e partir para a ação concreta. O futebol é uma imagem que projeta um Brasil vencedor. Uma das poucas, mas é inegável que ser o maior detentor de Copas do Mundo é uma realidade. No entanto é o próprio futebol que vem nos projetar essa imagem da realidade em que vivemos em nossos presídios. Se alguém se der ao trabalho de fazer um levantamento de pessoas que saíram diretamente de um estádio de futebol para uma prisão verá que não estamos jogando palavras ao vento. A maldade inerente no ser humano gesta-se no local onde só a alegria e o bem estar deveriam estar convivendo. Nos estádios de futebol onde a imagem do país é a melhor que se pode exibir. Quando você vê o correr das câmeras de televisão mostrando uma torcida uniformizada de um clube que tem o nome de Pavilhão Treze, o que pode pensar? Pavilhão Treze era o local onde estavam os mais terríveis elementos que se viram implicados na maior chacina que já envolveu os presídios brasileiros. Ligar seu nome a algo que deveria ser mote para manifestação de incentivo e apoio a boas iniciativas não pode significar junção de bem com bem. Por outro lado, ainda esta semana, quando São Paulo completava aniversário e no principal logradouro futebolístico de propriedade da cidade, o público, boa parte do mesmo, explodia em demonstração de ira, de revolta, de blasfêmia, de insanidade ao acender os terríveis sinalizadores que provocaram inclusive a paralisação da partida senti mais uma vez que uma coisa está ligada a outra. O Brasil que numa partida de futebol onde se disputa um título de um torneio que é representado pela juventude do país destruindo de forma absolutamente condenável a disputa final com uma demonstração de agressividade que se iguala a dos presídios. Pelo menos a fisionomia dos incendiários trazia o mesmo perfil daqueles que estão degolando os que pensam diferente dentro das penitenciárias. Um só efeito para selvagerias idênticas.
Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.