Charanga Domingueira de 20-07-2014

Esportes - Flávio Araújo

Data 20/07/2014
Horário 12:04
 

Técnico estrangeiro é viável?

 

O futebol tem cultura específica e o Brasil sempre primou por produzir atletas com características especiais. Admiramos no passado equipes que jogavam o futebol coletivo que nossos craques desprezavam. Essa noção é que permite a técnicos europeus ficarem tantos anos na mesma casa. Sempre soubemos que quando o jogador brasileiro se dispusesse a se empregar pelo todo e não para si nosso rendimento cresceria. Um técnico estrangeiro no Brasil esbarraria nesse princípio.

Felix Magath, da seleção alemã e hoje no futebol inglês, declarou que Neymar não jogaria em sua equipe. Pelo individualismo. Claro que cabe ao técnico orientar seus atletas, apurar qualidades intrínsecas e adaptá-los ao seu gosto. Nesta Copa vimos que hoje nem o futebol europeu é tão ortodoxo nos princípios de só jogar coletivamente. O individualismo também chegou por lá.

A globalização que tudo transformou no planeta fez do futebol uma geleia geral e hoje eles batem pênalti com paradinha. Driblar com ginga só brasileiro sabia. Nem argentino a executava até, digamos, 30 anos atrás. Cito argentinos porque sempre foram nossos maiores rivais no continente e dividiram conosco a prática do melhor futebol.

Poderia incluir os uruguaios, mas estes, sinceramente, com algumas exceções não alcançaram o mesmo nível individual dos dois citados. Algumas exceções como Francescoli, no lado de cá do rio da Prata poderão me desmentir, mas são exceções. No lado de lá a esfuziante performance do recém-falecido Di Stéfano estava ligada à sua velocidade e controle de bola e não aos dribles.

Di Stéfano estava muito mais para seu compatriota Di María do que para Messi ou Maradona. Na verdade nesse ponto Di Stéfano, para muitos o maior jogador argentino de todos os tempos, nunca foi Maradona. Só de passagem e igual ao Brasil ficaríamos aqui o tempo todo enumerando grandes valores individuais do futebol argentino. Quem viu Pedernera no passado ou Batistuta no presente sabe disso.

Enfim, as teorias se alongariam num papo intérmino e no qual poderíamos encontrar um ponto final ou um ponto e vírgula pela extensão de assunto que vai durar na mídia perguntando simplesmente: onde moraria um técnico estrangeiro da seleção brasileira? Onde treinaria nossa seleção que joga amistosos em todas as partes do mundo e tem jogadores convocados que se reúnem nos aeroportos para fingir que jogam contra adversários de terceira categoria, enquanto a CBF recebe valores de primeira? Pensando bem não é tão fácil assim a resolução dessa questão.

 

 

Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço
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