ROJÕES, FUMAÇA, PAPEL PICADO: FINAL DA LIBERTADORES
Numa decisão típica de Copa Libertadores o River Plate argentino conquistou seu terceiro título na competição e igualou-se a Santos, São Paulo, Olímpia e Nacional uruguaio. Em seu país só tem que tirar o chapéu para o Independiente, o recordista de conquistas - sete - e a seu maior rival, o Boca Juniors, seis vezes campeão. O River Plate já foi uma verdadeira escola de futebol.
Não vou falar do Tigres que entrou como estranho no ninho numa manobra que só denigre a má organização da Conmebol. Tanto que a ordem dos jogos foi invertida e também o México terá um representante no mundial de clubes da Fifa no final do ano e este em circunstância alguma seria o Tigres. É o América, da cidade do México que venceu o torneio lá do hemisfério norte. O Tigres aceitou inversão de mando na final e sabia que mesmo se vitorioso não iria ao mundial. O jogo foi medíocre. Disse que o River Plate provocou em mim muita saudade de uma das maiores equipes de futebol que o planeta já conseguiu formar. Lembro-me ainda sem precisar do Google e só da minha cabeça aquele time fabuloso que andou pelo Brasil no final dos anos 1940 dando verdadeiras lições de futebol. Carrizzo, De Lacha e Vairo. Vaghi, Nestor Rossi e Ramos. Reyes, Moreno, Pedernera, Labruna e Lostau.
Para que possam estabelecer comparação tinha a qualidade de um Honved dos anos 1950, do Santos de 1960 ou do Barcelona da atualidade. Sem falar que tinham ainda Alfredo Di Stefano que estava de saída para o Eldorado colombiano, uma outra estória que contarei qualquer dia. Como sei das coisas desse time? É que conheci Pedernera na Colômbia e com ele muito aprendi.
Para que se tenha ideia da diferença do que era ser craque naqueles tempos e da vida das estrelas atuais, Pedernera, já retirado do futebol, vivia de um botequim em Cali onde ele mesmo servia seus fregueses. A diferença é tão flagrante quanto a qualidade daquele time em relação ao atual e que ganhou a Libertadores. Não vejo no time atual um jogador sequer que pudesse ser incluído naquela máquina de jogar futebol. Não é menosprezo ao futebol argentino que possui só de centroavantes quatro ou cinco na Europa melhores que qualquer um dos nossos. O que não tem nada com a final da Libertadores que foi um jogo de baixa qualidade, com muita violência, muitos erros de passe e a presença de foguetório que a Conmebol não tem capacidade de proibir, bem como os típicos pedaços de papel encobrindo o gramado.
Diferença imensurável de uma final da Liga dos Campeões da Europa.
Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.