PARALÍMPICOS OU PARAOLÍMPICOS ?
Para variar Nuzman falou demais. Tentaram esconder Temer e sua fala, mas não conseguiram e a vaia foi estrepitosa. Discursos à parte, foi bonita a festa, pá. Simplesmente maravilhosa, da roda de samba aos efeitos técnicos, o Brasil e os que nos ajudaram mostraram ao mundo algo digno de se ver antes de morrer. Os Paraolímpicos estão em pleno desenvolvimento. Mas, porque a Globo colocou 14 canais para transmitir as Olimpíadas e agora, naqueles que são o seu complemento, havia apenas um deles, o Sportv 2? Isso é inclusão? Ao contrário. É menosprezo ao que é tão belo quanto o que tudo mereceu. Mesmo assim o Brasil, com alegorias fortíssimas e com ajuda internacional na elaboração de moderníssimos projetos da tecnologia, brilhou com Globo ou sem Globo. Os Paraolímpicos não são de hoje, mas também não tão velhos assim. Os mais antigos devem se lembrar ainda das Olimpíadas de Londres, em 1948, da seleção brasileira de basquete que foi medalha de bronze naquele acontecimento e do muito que significaram aqueles jogos num país que ainda apontava locais calcinados pelo efeito das bombas alemãs. Foi em Londres, uma das cidades mais afetadas pelos bombardeios de aviões vindos da Alemanha, que nasceram os Jogos Paraolímpicos. Chamavam-se Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, cidade do interior inglês onde havia um centro de recuperação para soldados que retornavam da guerra com graves lesões, inclusive com membros amputados. Incoerente que possa parecer, o centro era dirigido por um médico alemão de nome Ludwig Guttmann que foi quem introduziu a prática de esportes como forma de tratamento aos soldados ingleses feridos. Depois de alguns anos passaram a ser disputadas em simultaneidade com as Olimpíadas de Verão, de 4 em 4 anos e escolhendo cidades que haviam sido praticamente destruídas durante a guerra. Foi assim que Roma, também duramente atingida, os sediou em 1960, depois de receber as Olimpíadas tradicionais. Em 1964 a duplicidade pertenceu a Tóquio, a então sofrida capital japonesa. Posteriormente houve um período longo em que os Jogos Paraolímpicos voltaram a Stoke Mandeville para somente em 1988, Jogos Olímpicos de Seul, Coréia do Sul, voltarem a forma que mantém até os dias atuais. Depois da festa de inauguração os Paraolímpicos estão em pleno desenvolvimento em suas 23 modalidades esportivas e contam nessa edição iniciada no Rio de Janeiro com 4.342 atletas que representam um total de 160 países. Uma pequena explicação: escrevo e falo "paraolimpíadas" e continuarei a fazê-lo por considerar que é uma forma muito mais correta e bonita de se referir a esses jogos. No Brasil usava-se, inclusive, o termo "paraolimpíadas", mas o Comitê Paraolímpico Brasileiro atendeu a uma recomendação do "Comitê Paralímpico Internacional" e modificou a nomenclatura. Mais ou menos como a tal reforma dos idiomas lusófonos que os doutos inventaram e que ninguém digeriu. Vale acrescentar, com as devidas reservas para quem inventou essa tal de reforma ortográfica esdrúxula e absurda que a Academia Brasileira de Letras até hoje não reconheceu em seu vocabulário ortográfico a nomenclatura "paralímpico". Ao todo serão disputadas, até o dia 18, um total de 528 provas que distribuirão aos vencedores medalhas de ouro, prata e bronze, sendo 265 masculinas, 225 femininas e 38 neutras. As Paraolimpíadas são a maior demonstração do valor e das possibilidades de vida útil e feliz para o ser humano em quaisquer circunstâncias.
Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.