Charanga Domingueira de 08-12-2013
Nosso grupo não é dos mais difíceis. Difícil são todos eles, mormente o B (Espanha, Holanda, Chile e Austrália) ou o D (Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália).
Croácia, o primeiro: a sorte está lançada
Ao ouvir a notícia da morte de Nelson Mandela na última quinta-feira me vi na África do Sul pela primeira vez em 1973. Para melhor autenticar minha lembrança fui buscar velha foto da ocasião. Sentado ao lado de um banco em Johannesburgo e deixando exposta a inscrição: "somente para brancos". Sentei-me apenas para o registro fotográfico, com vergonha de meus irmãos em humanidade.
Mandela estava na prisão onde permaneceu por 27 anos. Sua luta não cessou jamais e mesmo nessa ocasião flutuava nas nuvens que nos cobriam. O grande líder estava confinado, mas suas ideias corriam o belo país que ansiava por liberdade. Só ali voltei nos terríveis anos do "apartheid", mas tenho familiares que me atualizam. A luta prossegue, mas é sempre melhor encará-la sem duelos raciais. Mandela deixou a lição que, espero, perdurará.
Falemos então da nossa Copa que já tem tabela definida. Não vamos aqui traçar prognósticos. Só quem tenha poderes extrassensoriais poderia fazê-los. O polvo morreu e a realidade está viva. Copa do Mundo se ganha em sete jogos e o começo é de importância fundamental. Vocês já devem estar acompanhando neste diário todos os infográficos com tabelas e futuros duelos.
Nosso primeiro passo será vencer a Croácia. A partir dai os caminhos só serão abertos a cada nova disputa, diante desse México que ultimamente se transformou em nosso carrasco e depois Camarões, que também tem uma seleção respeitável. Se ganhar o seu grupo, o Brasil poderá ter que enfrentar já nas oitavas Espanha ou Holanda. Paradas indigestas. Nosso grupo não é dos mais difíceis. Difícil são todos eles, mormente o B (Espanha, Holanda, Chile e Austrália) ou o D (Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália).
É comum que equipes colocadas nos "grupos da morte", como são chamados, no meio do caminho cedam lugar para equipes que vieram de disputas aparentemente mais fáceis como o grupo da Argentina, o G, ou o da Colômbia, o C. Copa do Mundo tem a tendência de castigar certos prognósticos e precipitações indevidas.
Quer um exemplo bem pontual? O técnico da Inglaterra, Roy Hodgson declarar na véspera do sorteio que só não queria jogar em Manaus pelo clima tropical e com isso provocar a reação do prefeito Arthur Virgílio (PSDB) dizendo que torcia para que "viesse a Manaus uma seleção melhor, com mais futebol e com técnico mais sensível, culto e educado". A Inglaterra estreia na Copa enfrentando a Itália no dia 14 de junho, dois campeões do mundo, exatamente em Manaus. "Porque no te callaste", mister Hodgson?
Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço