A atração do bola ao cesto fez parte da carreira profissional do escriba e da vida esportiva de Prudente. É só lembrar que a Apea nasceu como equipe de basquete vindo bem depois o futebol. O esporte da cesta era originalmente o segundo na preferência dos brasileiros. Não houve, porém, na contrapartida uma difusão que o popularizasse e massificasse como aconteceu com o voleibol.
Não que seja esse o problema em questão, palmas ao vitorioso vôlei, mas como segundo esporte brasileiro as conquistas nacionais prometiam. Dois títulos mundiais (1959 e 1963) unidos aos três pódios olímpicos (1948, 1960 e 1964) encaminharam esse esporte para a apoteose que foi o Pan de 1987 que culminou com a vitória diante dos norte-americanos.
Assim mesmo o esporte da cesta jamais alcançou a massificação desejada por quem possuía tantos títulos e a equipe feminina que também conseguia triunfos com um reduzido número de grandes jogadoras sofre do mesmo mal. O esporte nos Estados Unidos, o país que continua conquistando medalhas olímpicas a mancheias, se estende de forma natural aos campus estudantis enquanto aqui no Brasil constata-se o surgimento de atletas olímpicos em corajosas ações laterais fora dos esquemas.
O governo brasileiro continua dando preferência aos que conquistam posições mesmo que aleatoriamente e não olhando a preparação dos iniciantes que sem essa ajuda não se transformarão em futuros vencedores. A situação do basquete é muito séria e a pequena quantidade de valores é consequência natural dessa política.
Lembro-me da Prudente de meus verdes anos quando só uma família local, os Marcondes, formavam o bom time que possuíamos. Assim é com nossas seleções quando não contam com os poucos valores que emigram. No feminino ainda vivemos da lembrança dos feitos de Paula e Hortência. Se o futebol, que exporta centenas não forma uma grande seleção só com os que aqui ficam, imagine então o basquete.
Depois do atual fracasso na Venezuela o corporativismo que reina em toda parte já assesta sua mira no técnico. Continuo me batendo pela velha tese. Jogadores de futebol no Brasil se espalham como fogo em mato seco. A renovação torna-se rotina. Os demais esportes não terão progresso sem incentivo financeiro e se este hoje não falta por parte dos governos o seu direcionamento está errado. Antes de premiar o vencedor é necessário que se invista nos vencedores do futuro e não somente naqueles que ali chegaram por fatores fortuitos o que tem sido rotina nas escassas conquistas brasileiras.
Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço