CHARANGA DOMINGUEIRA de 06-11-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 07/11/2016
Horário 08:26
 

A CAVALO DADO SE EXAMINAM OS DENTES


O que é o acaso? Um acontecimento fortuito, algo que de forma alguma estava previsto e cuja ação pode significar sorte, fortuna ou ... desgraça. A recente tragédia com a barragem de rejeitos na região de Mariana, Minas Gerais, que destruiu povoados, que acabou com um rio tradicional e ceifou muitas vidas jamais poderá ser rotulado como acaso. Quando, por menor que seja, algo for detectado numa obra humana e que o tempo em sua ação contínua e inexorável possa interferir e tomar outros caminhos existirá a figura do dolo. Não foi feito para causar uma catástrofe, mas sabia-se que poderia causar uma catástrofe. Tragédias em estádios de futebol são comuns no mundo inteiro e muitas custaram muito caro. As de maior custo, e estou falando mesmo é de vidas humanas, foram causadas por ações laterais à construção dos locais. Depois do fato ocorrido há sempre aquele murmúrio de lamentações, processos, interpelações judiciais com os defensores buscando empurrar ao máximo as decisões e as vítimas ouvindo máximas jurídicas geralmente em latim, retiradas do direito romano e que permitem que fatos que estão aos olhos de todos durem anos nos escaninhos de depósitos de papel velho. Vejam o caso do incêndio na boate de jovens em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Assim no Brasil, assim no mundo. Borginho, um veterano piloto prudentino com quem muito voei sempre dizia: "avião não cai, é derrubado". E é verdade neste outro capítulo onde se inserem tantas tragédias que tanto mal causaram. Não foi a imprensa a primeira que levantou a questão, mas foi a imprensa que trouxe à tona a notícia de que o estádio do Corinthians corre perigo. A Sabesp, vigilante com as contas de água com consumo superior ao normal deu o grito de alerta. Poucos dias antes o patriarca da Odebrecht, Emílio, pai de Marcelo, o que está preso já há vários meses em Curitiba e cuja perspectiva de delação premiada corre em paralelo com a de Eduardo Cunha no pavor que provoca nas grandes aves de rapina da nação, havia declarado que o estádio fora um presente da empresa ao Corinthians. Vejam o tamanho do rolo. Na verdade ele disse mesmo que fora um presente a Lula. Bem maior do que um apartamento no Guarujá ou a reforma do mesmo. Por sinal alguém viu alguma cerimônia da transferência desse presente ao Corinthians? Ou ao invés de estar registrada em cartório a sua propriedade ela se inscreve em débitos ao BNDES, à Caixa Econômica Federal e a outros credores? Que cavalo de Troia foi esse que a de Odebrecht deu a Lula e que causa ao Corinthians e a nós todos tamanha aflição?

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.      

 
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