CHARANGA DOMINGUEIRA de 05-02-2017

Esportes - Flávio Araújo

Data 05/02/2017
Horário 10:40
 

NÃO ESPERE NADA DOS ESTADUAIS


 

Chegou a hora de arriar o porta-estandarte? Os lampejos à minha frente não me animam a pensar que poderemos ver coisa boa pelas amostras antecipadas. Através dos anos tenho defendido de forma profunda a realização dos campeonatos regionais com a condição acima de tudo de preservar as fontes que produzem craques. Chego a conclusão que melhor será dizer, produziam. Por que em verdade faz muito tempo que não se vê algo de substancial e bom e que seja produzido nos campeonatos regionais. A maioria dos mesmos está sendo iniciada e ao mesmo tempo em que as equipes que já se exibiram nada mostraram de bom o público parece ser o primeiro a concordar comigo. Onde estão as grandes equipes que o interior formava e que prontamente despertavam a cobiça nos grandes? As velhas forças do futebol do interior cederam espaço para a modernidade e tornou-se impossível a manutenção de um trabalho profissional de nível quando mais não seja, competitivo. Os papões de título são os mesmos com raríssimas exceções como foi o caso recente do Ituano. E quando isso acontece é sempre de curtíssima duração. Como poderá o futebol do interior competir com tudo aquilo de grandioso que a televisão nos traz aos domingos? Num passado recente a competitividade era apenas nacional, mas hoje se internacionalizou e o espectador tem a sua disposição num simples toque de controle remoto o futebol do mundo. Não que ele vá ver coisa muito melhor do que podemos ver por aqui. Afinal, os grandes campeonatos europeus tem seu brilho interior notadamente nos importados e entre estes os sul-americanos ganham disparado a disputa. Brasileiros, argentinos, uruguaios estão sempre presentes nas grandes partidas da Europa. A entidade mundial toma medidas absurdas como essa de fazer com que uma Copa do Mundo tenha a presença de 48 nações quando temos no máximo uma dúzia de países com futebol de primeira qualidade no planeta. Dessa forma, na luta entre o mar e a montanha os mariscos continuarão sendo esmigalhados. Foi-se o tempo em que a construção de um estádio unia uma cidade em torno de um ideal comum de grandiosidade. Os séculos do progresso chegaram a esse ponto e dentro de pouco tempo os robôs estarão chutando bola no lugar dos humanos. É com muito desencanto que chego a estas conclusões e este não é um pensamento saudosista e apenas a constatação de uma realidade. Mesmo que na contramão de tudo isso a Idade Média esteja voltando. Estou me lembrando daquelas cidades muradas quando a gestação do Brasil ainda nem no ninho estava.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.     

 
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